O transplante de células estaminais neurais cerebelosas melhora a coordenação motora e neuropatologia em ratos com a doença de Machado-Joseph
Liliana S. Mendonça, Clévio Nóbrega, Hirokazu Hirai, Brian K.
Kaspar, Luís Pereira de Almeida
Resumo
A doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa sem
tratamento eficaz. Os pacientes com a doença de Machado-Joseph apresentam
deficiências motoras significativas, tais como ataxia de marcha, associada a
várias alterações neuropatológicas incluindo inclusões de ATXN3 mutantes,
marcada perda neuronal e atrofia do cerebelo. Assim, um tratamento eficaz dos
pacientes sintomáticos com doença de Machado-Joseph pode exigir a substituição
de células, que investigámos neste estudo. Para isso, nós injetámos células
estaminais neurais cerebelosas no cerebelo de ratos transgénicos com a doença
de Machado-Joseph adultos e avaliámos o efeito sobre a neuropatologia,
mediadores da neuroinflamação e níveis do fator neurotrófico e coordenação
motora. Descobrimos que após o transplante para 0o cerebelo dos ratos adultos com
a doença de Machado-Joseph, as células estaminais neurais cerebelosas se
diferenciavam em neurónios, astrócitos e oligodendrócitos. É importante
ressaltar que o transplante de células estaminais neurais cerebelosas medeiam
um alívio significativo e robusto das deficiências do comportamento motor, que
se correlacionou com a preservação da neuropatologia associada à doença de
Machado-Joseph, ou seja, redução da perda de células Purkinje, a redução da
camada de encolhimento celular e agregados ATXN3 mutantes. Além disso, foi
observada uma redução significativa da neuroinflamação e um aumento dos níveis
dos fatores neurotróficos, o que indica que o transplante de células estaminais
neurais cerebelosas também desencadeia efeitos neuroprotetores importantes.
Assim, as células estaminais neurais cerebelosas têm o potencial de ser usadas
como um substituto celular e uma abordagem neuroprotetora para a terapia da
doença de Machado-Joseph.
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