Fundação norte-americana atribui quatro prémios a investigação médica em Coimbra
Prémio na investigação da doença de Machado-Joseph que provoca perda de coordenação motora
21 de
janeiro de 2014 - 09h44
Uma fundação
norte-americana atribuiu quatro prémios para financiar uma investigação sobre
novas terapias para a doença de Machado-Joseph, que está a ser desenvolvida por
especialistas de Coimbra, anunciou hoje a Universidade desta cidade.
Um grupo de
especialistas liderados por Luís Pereira de Almeida, do Centro de Neurociências
e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), acaba de ser
“reconhecido pela National Ataxia Foundation (NAF) com a atribuição de quatro
prémios para financiar a investigação na descoberta de terapias para impedir a
progressão da doença de Machado-Joseph”, afirma uma nota hoje divulgada pela
UC.
A doença de
Machado-Joseph é uma patologia cerebral que “provoca a perda de coordenação
motora, acabando por confinar os doentes a uma cadeira de rodas e, até ao
momento, é incurável”, sublinha a UC, referindo que a doença “tem uma
prevalência significativa em Portugal, especialmente nos Açores”.
Luís Pereira
de Almeida foi premiado com o financiamento “Pioneer SCA Translational Grant
Award”, no valor de 100 mil dólares (cerca de 73.500 euros), para continuar a
investigar a “ativação farmacológica da autofagia para aliviar a doença de
Machado-Joseph”.
A autofagia
consiste na “limpeza” das células e os cientistas vão aprofundar os estudos em
animais transgénicos (modelos da doença) que têm mostrado “possíveis efeitos
benéficos de fármacos” – aprovados pela FDA (US Food and Drug Administration) e
pela Agência Europeia do Medicamento – no “atraso da progressão e alívio dos
sintomas da doença”.
Ao grupo de
especialistas foram ainda atribuídos três prémios de 15 mil dólares cada um,
que permitirão avançar na investigação da mesma doença.
Uma das investigadoras,
Liliana Mendonça, está a realizar o transplante de células estaminais neurais
em animais transgénicos numa área cerebral afetada pela doença de
Machado-Joseph (o cerebelo) e os resultados preliminares já obtidos sugerem que
esta poderá constituir uma “promissora” estratégia terapêutica, afirma, na
mesma nota, a UC.
Rui Nobre, outro dos
especialistas envolvidos na investigação, tem estado a desenvolver “uma
estratégia terapêutica promissora associada a uma forma inovadora de
administração periférica”, acreditando que poderá dar “um contributo importante
para o uso de terapia génica nesta doença”.
A possibilidade de outra
molécula (ataxina-2) contribuir para a doença está a ser estudada por Clévio
Nóbrega, que “pretende esclarecer o possível mecanismo patogénico e validar a
ataxina-2 como potencial alvo terapêutico desta doença”.
Fundada em 1957, “a NAF
financia estudos altamente promissores na área das doenças degenerativas que
provocam ataxia (descoordenação de movimento), em todo o mundo”, tendo
galardoado este ano, “pela primeira vez em quadruplicado”, a investigação que
está a ser desenvolvida” por este grupo de investigadores do CNC da UC.
SAPO Saúde com Lusa
Na imagem: Investigador Luís Pereira de Almeida é o
primeiro à direita
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