Cientistas descobrem a primeira proteína que pode editar outras proteínas
Janet Iwasa, Ph.D,
Universidade do Utah, EUA
A tarefa mais importante dentro de qualquer célula é a
produção de proteínas, e todas elas são feitas utilizando as instruções a partir
do ADN. Este processo é praticamente evangélico no campo da biologia molecular,
mas uma nova investigação identifica algumas exceções. Algumas proteínas, ao
que parece, podem fazer outras proteínas.
As proteínas são montadas a partir de aminoácidos no interior
das estruturas celulares chamados ribossomas. Normalmente, os planos para cada
proteína - de anticorpos de combate às doenças, a componentes estruturais que
permitem que os músculos se contraiam - são codificados no ADN e entregues aos ribossomas
por moléculas chamadas mensageiros ARN (mARN). Assim, essas instruções
genéticas são utilizadas por uma molécula relacionada chamada transferência ARN
para construir a proteína.
A imagem acima, publicada na revista Science, mostra uma
maneira totalmente diferente da construção duma proteína. A massa amarela é uma
proteína chamada Rqc2 que está a fazer o trabalho normalmente feito pelo mARN. Está
ligada à transferência ARN (as massas azul e verde claro), dizendo aos ribossomas
(a massa de cachos brancos) para inserir uma sequência aleatória de aminoácidos
na cadeia de proteínas.
Este não é um caso duma proteína se tornar desonesta. Parece
ser parte do processo de reciclagem, que ocorre quando há um erro na construção
duma proteína. Quando um erro é introduzido, os ribossomas param e chamam um
grupo de proteínas de controlo de qualidade, incluindo a Rqc2. Ao observar esse
processo, os investigadores viram como a Rqc2 se liga com a transferência ARN e
lhe diz para inserir uma sequência aleatória de dois aminoácidos na corrente (dum
total de 20 aminoácidos).
Os investigadores acreditam que o comportamento aparentemente
aberrante da Rqc2 pode ser uma parte integrante de manter o corpo livre de
proteínas defeituosas. É possível que seja a sinalização da proteína para a
destruição, ou de que a corrente de aminoácidos pode ser um teste para ver se o
ribossoma está a funcionar corretamente. As pessoas com doenças como Alzheimer
e Huntington têm processos de controlo de qualidade defeituosos para as suas
proteínas. Compreender as condições exatas de como a Rqc2 é acionada, e onde falha,
são o próximo passo na investigação, e pode ser importante para o
desenvolvimento de novos tratamentos para doenças neurodegenerativas.
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