Investigadores identificam 2 moléculas que aumentam os níveis de Frataxina em modelos animais portadores de Ataxia de Friedreich
27
de Julho de 2017
Autor:
Alice Melão
Duas
pequenas moléculas demonstraram aumentar os níveis de mRNA e da proteína da
frataxina (FXN) em modelos animais da ataxia de Friedreich. De acordo com um
relatório publicado na “Neuropharmacology”, estes compostos poderiam ter
potencial terapêutico para tratar deficits de FXN na ataxia de Friedreich (FA).
A
ataxia de Friedreich é causada por níveis reduzidos da proteína mitocondrial
FXN. Embora as funções desta proteína não estejam totalmente estudadas, os
estudos mostraram que está envolvido em vários mecanismos de reparação do ADN e
metabolismo do ferro.
Demonstrou-se
que uma redução da produção da FXN poderia estar associada a um númeroreduzido
de mitocôndrias – “o centro de poder" das células - o que poderia, em
parte, explicar as manifestações de Faz.
Encontrar
formas de aumentar os níveis da FXN nestes pacientes tem sido um foco importante
da estratégia terapêutica no combate a esta doença. A terapia de reposição de
proteínas, os moduladores da expressão gênica e as terapias genéticas foram
testadas para esse fim, mas, infelizmente, esses métodos não foram eficazes no tratamento
de todos os sintomas da ataxia de Friedreich.
A
Erythropoietin (EPO) é uma proteína que é conhecida por ser reguladora da
produção de glóbulos vermelhos. Estudos mais recentes revelaram que também pode
atuar como um potente protetor de tecido, como anti-apoptótico (apoptose
refere-se à morte celular programada) e como proteína anti-inflamatória.
O
EPO humano produzido em laboratório (rhEPO) mostrou aumentar os níveis de FXN em
várias células humanas em ambiente laboratorial e em estudos clínicos iniciais.
Mas o potencial terapêutico da EPO ainda não foi totalmente explorado nos
modelos de ataxia de Friedreich.
No
estudo intitulado “Erythropoietin and small molecule agonists of the
tissue-protective erythropoietin receptor increase FXN expression in neuronal
cells in vitro and in Fxn-deficient KIKO mice in vivo,” ( Eritropoyetina e
agonistas de pequenas moléculas do receptor de eritropoietina protetor de
tecido aumentam a expressão da FXN em células neuronais in vitro e em ratos
KIKO com deficit de Fxn in vivo), investigadores de STATegics e Université
Libre de Bruxelles avaliaram o potencial terapêutico de duas pequenas
moléculas, as STS-E412 e STS-E424, para o tratamento da ataxia de Friedreich.
EsTas duas terapias de investigação foram especificamente projetadas para
ativar o recetor de EPO que protege os tecidos.
A
equipa de investigadores testou a STS-E412 e a STS-E424 em ratos de laboratório
e em células semelhantes às dos neurónios humanos e observou um aumento de duas
vezes na expressão da FNX. Este efeito positivo também foi observado em células
sanguíneas retiradas de pacientes com ataxia de Friedreich.
Mas
o efeito dessas moléculas pequenas não se restringiu à proteína. Os
investigadores também observaram níveis aumentados de mRNA (a transcrição do
gene que resulta numa proteína) da FXN em células expostas à STS-E412 e à
STS-E424.
A
descoberta sugere que a atividade destas candidatas a terapias também pode
afetar a expressão do gene FXN e não apenas a estabilidade da proteína. O
efeito de mRNA observado foi semelhante ao encontrado no tratamento com
inibidores de HDAC, uma terapia potencial para a ataxia de Friedreich atualmente
sob investigação
Os
investigadores confirmaram essas descobertas em ratos com défice de FXN. Após o
tratamento com a STS-E412 e a STS-E424, os animais apresentaram níveis
aumentados de FXN no coração semelhantes aos obtidos no rhEPO. Adicionalmente, essas
pequenas moléculas conseguiram levar ao aumento dos níveis de FXN nos cérebros
dos animais, algo que a proteína rhEPO não conseguiu alcançar.
"Os
resultados aqui descritos ilustram que essas pequenas moléculas, como o rhEPO,
aumentam o mRNA da FXN e a própria proteína em ambientes in vitro e em ratos de
laboratório portadores de FA", escrevem os autores. "
Concludentemente, o seu pequeno tamanho e consequente permeabilidade aos
tecidos e capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica para aumentar a
proteína FXN no cérebro, a ampla atividade citoproteica, a falta de atividade
eritropoyética e a biodisponibilidade oral sugerem que STS-E412 e STS-E424
podem ter potencial terapêutico no tratamento da FA ", acrescentam.
Fonte:
https://friedreichsataxianews.com/2017/07/27/friedreichs-ataxia-study-finds-that-two-small-molecules-activating-epo-receptor-increase-fxn-levels/
Traduzido para a APAHE
por: Bárbara Cerdeiras
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