A velocidade da marcha pode melhorar a deteção da progressão da doença de Ataxia de Friedreichs no curto prazo
Autor: Magdalena Kegel
2017-04-18
A velocidade de marcha pode ser
usada como uma medida objetiva para avaliar a progressão da doença em pacientes
adultos portadores de Ataxia de Friedreichs e que ainda são capazes de andar,
de acordo com um pequeno estudo que sugeriu que esta medida é mais adequada
para detetar alterações neurológicas no curto prazo.
Como as atuais ferramentas utilizadas
para medir a progressão da doença a curto prazo não são as ideais, a mensuração
da velocidade da marcha pode ajudar a melhorar os resultados finais dos ensaios
clínicos que avaliam os novos tratamentos de Ataxia de Friedreichs.
O estudo "Marcha
longitudinal e declínio do equilíbrio na Ataxia de Friedreichs: Um estudo
piloto" foi publicado na revista “Gait and Posture” (Marcha e Postura).
Atualmente, a progressão da
doença em pacientes com Ataxia de Friedreichs é avaliada usando três escalas de
avaliação: a Escala de Classificação da Ataxia de Friedreichs (FARS), a Escala
de Avaliação e Classificação da Ataxia (SARA) e a Escala de Classificação
Internacional Co-Operativa da Ataxia (ICARS).
Embora essas ferramentas sejam
confiáveis, investigadores do Centro de Pesquisa da Ataxia da Universidade do
Sul da Flórida sugerem que estas podem não ser as ideais para detetar mudanças
de curto prazo, particularmente ao nível da marcha e do equilíbrio.
A equipa de pesquisa elaborou um
estudo-piloto para avaliar dois tipos de ferramentas específicas para a
avaliação da marcha e do equilíbrio. Estas ferramentas foram comparadas com as FARS
de oito pacientes com Ataxia de Friedreichs e com oito pessoas saudáveis.
Os participantes do estudo foram
acompanhados durante dois anos. Foram avaliados através do sistema “Walkway
GAITRite” (passadeira que transmite dados para um computador) e do sistema “Biodex
Balance” (balança que transmite dados para um computador), bem como através dos
resultados obtidos nas FARS no início do estudo e após 6, 12 e 24 meses.
A velocidade de marcha durante a
caminhada normal diminuiu 8% após 12 meses e 24,1% após 24 meses. Enquanto
isso, a velocidade da marcha, durante a caminhada rápida, diminuiu 13,9% após
12 meses e 30,3% após 24 meses. A equipa de pesquisa observou, igualmente, um
declínio em outros aspetos da marcha.
Ao longo dos 24 meses que durou o
ensaio, os participantes também apresentaram uma diminuição no equilíbrio.
Durante este tempo, os pacientes tiveram um aumento de 17,7% nos resultados dos
exames neurológicos FARS. Os participantes saudáveis não manifestaram
alterações na marcha ou equilíbrio durante o estudo.
As análises mostraram a
existência de uma correlação entre vários aspetos das medidas de marcha e
equilíbrio e os resultados obtidos nos testes neurológicos FARS. Várias
pontuações obtidas em subsecções das FARS foram associadas aos parâmetros da
marcha e do equilíbrio.
Embora os investigadores admitam
que mais estudos são necessários para validar o uso da marcha e equilíbrio como
medidas específicas para detetar pequenas alterações na função neurológica,
sugerem que a velocidade da marcha pode ser um fator chave na deteção da
progressão da doença, nomeadamente em pessoas com Ataxia de Friedreichs.
Tradução para APAHE por: Bárbara Cerdeiras
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