Estudo: Investigadores identificam a maneira de aumentar o sucesso da terapia genética
Columbus, OH (EUA) - Cientistas no Instituto de Investigação no Hospital Nacional
Infantil encontraram uma maneira de superar um dos maiores obstáculos ao uso de
vírus para entregar genes terapêuticos: como impedir o sistema imunitário de
neutralizar o vírus antes de ele poder entregar a sua carga genética.
Num estudo recentemente publicado na Molecular
Therapy, os investigadores descobriram que ao sujeitarem esses a um
tratamento, o corpo fica temporariamente livre de anticorpos, fornecendo assim
passagem segura aos vírus para as células alvo, permitindo a libertação de um
gene corretivo ou de substituição para tratar a doença.
A terapia genética está entre as opções de tratamento mais promissoras para
doenças genéticas, tais como a distrofia muscular, cegueira congênita e
hemofilia. Os cientistas também estão a investigar a terapia genética como uma
cura para alguns tipos de cancro, doenças neurodegenerativas, infeções virais e
outras doenças adquiridas. Para obter o gene terapêutico nas células, os investigadores
viraram-se para os vírus, que entregam o seu material genético nas células como
parte de seu processo de replicação normal. E por inúmeras vezes, estes
esforços foram frustrados pelo sistema imunitário do próprio corpo, que ataca o
vetor viral. Os genes terapêuticos não são entregues e doença progride.
Agora, uma equipa liderada por Louis G. Chicoine, MD, Louise Rodino-Klapac,
PhD e Jerry R. Mendell, MD, investigadores no Centro de Terapia Genética no
Hospital Infantil Nacional, mostrou pela primeira vez que usando um processo
chamado plasmaferese antes da entrega de um vírus com terapia genética, o vírus
é protegido o tempo suficiente entrar na célula e entregar o gene.
A plasmaferese, amplamente utilizada para tratar pacientes com doenças autoimunes,
remove o sangue do corpo, separa o plasma e as células, filtra os anticorpos e
retorna o sangue ao paciente. A perda de anticorpos é temporária; o corpo
começa a produzir novos anticorpos algumas horas após o procedimento.
Num estudo sobre uma terapia genética para o tratamento da distrofia
muscular de Duchenne (DMD), os Drs. Chicoine e Rodino-Klapac usaram a plasmaferese
num modelo animal grande, depois injetaram um vírus com um gene micro-distrofina.
Quando eles examinaram os níveis de expressão de gene micro-distrofina nos
animais, eles encontraram um aumento de 500% sobre a expressão genética em animais
que não receberam a plasmaferese. O Dr. Mendell, diretor do Centro de Terapia
Genética, ajudou a conceber este tratamento para pacientes com DMD com base na
experiência com doenças autoimunes como a miastenia gravis e doenças
inflamatórias nervosas.
"Para já, a terapia genética parece funcionar melhor em pacientes que
não tenham anticorpos para o vírus que está sendo usado para entregar o
gene," diz o Dr. Mendell. "Isso limita o número de pacientes que
podem beneficiar da terapia genética".
Usando a plasmaferese aumentaria o potencial da terapia genética,
acrescenta o Dr. Chicoine, através da eliminação dum obstáculo da reação imune.
"À medida que a terapia genética se vai tornando mais prevalente, os pacientes
podem precisar de receber mais do que um tratamento," diz o Dr.
Rodino-Klapac. "O problema é que quando recebem o primeiro tratamento, os
corpos vão desenvolver anticorpos contra o vírus usado para entregar o gene.
Usar a plasmaferese em alguém que anteriormente recebeu terapia genética
poderia permitir-lhe ser tratada novamente."
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