Um composto presente no vinho tinto pode vir a ser usado para tratar a Ataxia de Friedreich
Um composto natural presente
nas uvas e vinho tinto pode ser a chave para descobrir um tratamento para as
pessoas com ataxia de Friedreich – uma doença progressiva, para a qual não
existem medicamentos.
Investigadores do Instituto
de Pesquisa Infantil Murdoch em Melbourne (Austrália) estão de momento a
ensaiar o Resveratrol, um composto encontrado maioritariamente na pele das uvas
tintas, que se descobriu prolongar a vida de ratos e que alguns tomam,
correntemente, como medicamento anti-envelhecimento.
Os investigadores do
Instituto descobriram recentemente que o Resveratrol aumenta a produção da
proteína na ataxia de Friedreich, em células e ratos.
A ataxia de Friedreich é uma doença
hereditária, que geralmente aparece na infância. Causa danos progressivos no
sistema nervoso, resultando numa instabilidade crescente, até que precisam de
uma cadeira de rodas.
O estudo, com 30 pessoas,
procura ver se esta descoberta se traduz em pessoas com ataxia de Friedreich e
aumenta os seus níveis desta proteína. Cada pessoa do estudo está a ser tratada
por três meses, com uma série de testes a serem efetuados antes e depois do
período de tratamento. A quantidade total de Resveratrol tomada no estudo,
traduz-se na quantidade presente em 100-500 garrafas de vinho tinto, por
pessoa, por dia.
O investigador Professor
Martin Delatycki disse que, de momento, está-se a desenvolver muita
investigação na Austrália, que parece promissora. “Temos esperança em descobrir
um tratamento que possa atrasar a progressão desta doença devastadora”, ele
disse.
A Emma conhece, em primeira
mão, os efeitos da ataxia de Friedreich. Ela foi diagnosticada com ataxia de
Friedreich, aos 8 anos. Karen, a mãe de Emma, diz que a doença teve um grande
impacto nas suas vidas.
“A ataxia de Friedreich tem
impacto em cada aspeto da tua vida. Quando a Emma foi diagnosticada foi muito
difícil, mas foi ainda mais difícil quando ela ficou confinada a uma cadeira de
rodas, aos 12 anos de idade. Encontrar um tratamento para esta doença seria um
sonho – seria maravilhoso”, diz Karen.
Em toda a Austrália, muitas
pessoas nunca ouviram falar de ataxia. Existem, grosso modo, cerca de 4000 na
Austrália afetadas pela ataxia – a forma genética mais comum é a ataxia de
Friedreich.
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