Descoberta que pode tratar a diminuída expressão proteica associada à ataxia de Friedreich


A ataxia de Friedreich (FRDA) decorre de expansões anómalas no código ADN do gene Frataxina (FXN), que reduz coletivamente a expressão da proteína FXN.

Um novo estudo indica que pequenas moléculas de ARN e de ADN podem interagir com as repetições FXN para bloquear a formação de estruturas anómalas 3D do ADN, que podem estar por trás da redução da produção proteica.

Os resultados, num estudo intitulado "Interrupção nas estruturas de ADN de ordem superior nas repetições (GAA) da ataxia de Friedreich, por visando o PNA ou LNA", poderia levar a uma melhor compreensão da doença e terapias que podem tratar a doença, restaurando a expressão FXN. A investigação foi publicada na PlosOne,

Noventa e seis por cento dos casos FRDA estão associados a demasiadas repetições do código ADN no gene FXN. Esta modificação genética pode conduzir à formação de estruturas anómalas 3D no ADN, que se crê serem responsáveis, em parte, pela expressão reduzida da proteína FXN. Ainda não está claro qual o mecanismo subjacente que é responsável por isso.

Os investigadores decidiram testar a hipótese de que as estruturas anómalas 3D podem ter um papel na expressão reduzida da FXN. Eles observaram duas moléculas de ADN e ARN, LNA e PNA, que podem interagir com o genoma.

As suas observações confirmaram evidências anteriores de que 9, 75, ou 115 repetições podem conduzir a estruturas anómalas 3D no gene FXN.

Também descobriram que as estruturas normais 3D, que são necessárias para a regulação da expressão do gene, estão associadas a alterações na expressão genética que não são causadas por modificações na sequência do ADN - um fenómeno conhecido como modificação epigenética. Estas estruturas são conhecidas como triplex intramolecular, ou H-ADN.

Os resultados apoiavam a hipótese da estrutura anómala 3D, o que poderia explicar o mecanismo do silenciamento do FXN.

Os investigadores também descobriram que as moléculas de LNA ou PNA podem interagir com estruturas de ADN para bloquear a formação de estruturas anómalas 3D. Isso manteria a sequência do gene FXN num estado que permitiria a expressão FXN.

"Ao inibir estruturas de ADN de ordem superior relacionadas com a doença no gene Frataxina, os oligomeros PNA e LNA podem ter potencial para a descoberta de medicamentos que visem recuperar a expressão da Frataxina", escreveram os investigadores.

São necessários mais estudos para confirmar a noção de que interromper a formação regular de estruturas 3D pode ter impacto na expressão FXN, e para compreender o impacto destas conclusões no tratamento da FRDA.


PNA – ácido nucleico peptídico
LNA – ácido nucleico bloqueado


(artigo traduzido por Fátima d’Oliveira)



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