A identificação das mudanças estruturais do Cerebelo pode servir como Biomarcadores para a investigação da Ataxia, tal como afirma o estudo realizado por investigadores em Itália
Investigadores da Fundação de
Santa Luzia, IRCCS, em Itália, descobriram que a atrofia cerebelar pode afetar
as estruturas do cérebro relacionadas com as emoções, com o pensamento e com a memória,
alterações essas que podem, em parte, explicar os sintomas da ataxia. Os
resultados sugerem que a identificação de alterações estruturais no cerebelo,
feita através da imagiologia, pode ajudar a detetar quer a degeneração
cerebelar quer a ataxia.
Estas observações, constantes da
sua investigação “O impacto da atrofia cerebelar na massa cinzenta cortical e nos
pedúnculos cerebelares, avaliada por meio de
técnicas de morfometria geométrica em três dimensões e por imagens de difusão de alta
resolução angular” foram publicadas no Jornal Functional Neurology.
O cerebelo é a região do cérebro
que controla os movimentos e todas as tarefas motoras. Recentemente, os
cientistas perceberam que o cerebelo também está envolvido no processo
cognitivo e na geração de emoções, embora não seja ainda claro como é que esta
região estará ligada a essas funções cerebrais. A atrofia cerebelar pode afetar
todas as regiões ligadas ao cerebelo. Nesse sentido, estudar a estrutura
cerebral dos pacientes com esta condição pode elucidar sobre a conexão
estrutural e funcional do cerebelo com o resto do cérebro.
No estudo, os seus autores avaliaram
a ocorrência de alterações estruturais no cérebro devidas a degeneração
cerebelar num grupo de sete pacientes com ataxia cerebelar – dois com atrofia
espinocerebelar Tipo2, um com ataxia de Friedreich e quatro com ataxia cerebelar idiopática.
Utilizando técnicas de
imagiologia e análises estruturais, observaram que diferentes regiões do
cérebro - o núcleo caudado o giro cingulado e o córtex órbito-frontal – dos
pacientes em questão, apresentavam uma diminuição simétrica do volume da massa
cinzenta, face aos valores de pacientes saudáveis.
Juntamente com o cerebelo, a
região do núcleo caudado está relacionada com os movimentos voluntários. O giro
cingulado está envolvido no controle emocional, na recuperação da memória e no
conhecimento em geral, enquanto que o córtex orbito-frontal está relacionado com
a atividade cerebelar. As observações efetuadas sugeriram a existência de uma possível
conexão funcional entre o cerebelo e as três regiões cerebrais.
“Ao comparar pacientes que
apresentam atrofia cerebelar geral com pacientes saudáveis, foi possível
investigar quais as regiões cerebrais afetadas pela sua atrofia cerebelar”, afirmaram
os investigadores.
A Ressonância Magnética de Imagem
de Difusão (dMRI) é uma técnica não-invasiva que mapeia um tecido baseada na
capacidade de uma molécula da água de viajar nesse tecido. Os investigadores
encontraram uma correlação entre os valores dMRI de uma região do cerebelo- o
pedúnculo médio cerebelar- e o resultado geral obtido na escala de avaliação da
ataxia, bem como em alguns itens da mesma, como a funções cinéticas e as desordens
do movimento ocular.
Especificamente, os pacientes com
baixos valores dMRI obtinham pontuações mais altas na escala de avaliação da ataxia,
enquanto que os pacientes com valores altos de dMRI obtinham pontuações mais
baixas na escala de avaliação da ataxia, sugerindo que o dMRI pode ser um
biomarcador útil para a degeneração cerebelar e para a ataxia.
Tradução
para APAHE por: Bárbara Cerdeiras
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