Entrevista com Mª José Santos
1) Fale-nos de si.
Sou de origens humildes, nasci em
Cantanhede distrito de Coimbra. Habito e trabalho no concelho de Cantanhede.
Sou licenciada em Serviço Social. Profissionalmente sou Técnica superior de
Serviço Social (Assistente Social) como gosto de dizer. Acumulo ainda as
funções de Directora Técnica da Instituição onde trabalho. É uma Instituição
Particular de Solidariedade Social sem fins lucrativos que apoia Idosos e
Crianças. Gosto mais que sejam os outros a avaliarem-me do que ser eu a falar
de mim. Fico sempre sem saber o que dizer ou escrever.
2)
Escreveu um livro relacionado com a ataxia. Porquê?
O livro em si não fala da ataxia. É um
romance.O que relaciona o livro com a ataxia é o facto de tudo o que consiga
com a venda reverta a favor de uma terapia que retarde os efeitos nocivos da
Doença de Machado-Joseph. Eu já escrevo mas mais poesia desde os meus doze,
treze anos. Alguns contos em prosa poética. Um dia vi uma noticia no Diário de
Coimbra em que o Professor Doutor Luís Pereira de Almeida e a sua equipa
estavam a investigar a doença. Então surgiu a ideia de contactar a Editora para
ver se o livro valeria a pena. É uma edição de autor com tudo o que daí advém,
no entanto, teria de ter alguma qualidade. Escrevi, revi, tornei a escrever.
Sempre que começava a reler tinha a tentação de escrever de novo. Um dia o
coordenador literário ligou-me a dizer para não mexer mais no livro. O livro
estava bom e não era preciso mais nada. Resolvi então editar. Fiz uma edição de
quinhentos exemplares. Em cada primeira página tem escrito o fim a que se
destina. Todos os convites de lançamento do livro tinham o mesmo
propósito.Todos os contactos e, foram mais de mil endereços de e-mail da
própria Editora que faziam também a mesma menção.
3) Qual a sua relação com a ataxia?
A minha relação com a ataxia vem desde
a infância. Sem sabermos ainda o que doença era, a minha avó materna tinha a
Doença de Machado-Joseph. Mais tarde viemos a ter conhecimento que pouco a
pouco, lentamente a doença foi surgindo na minha mãe e tias maternas. Foi um
processo doloroso, somos quatro irmãs e fizemos testes de ADN. Foi uma época de
desespero. Logo que ligaram que os testes tinham chegado eu quis saber o
resultado. Não tenho. Depois, outra irmã também quis saber. Também não tem.
Mais tarde, o destino mostrou que a doença não tinha dado tréguas. Além das
duas irmãs que são portadoras temos outro familiar diagnosticado. Desde cedo
comecei a tomar conta da casa e das minhas manas.
4) E
qual o nome do livro?
O nome
do livro é "AROS DE PRATA".
5)
Porquê esse título?
O título
tem a ver com o próprio romance.
6) Onde
se pode encontrar o livro?
O livro
encontra-se na Editorial Minerva em Lisboa.
7) Já
conhecia a APAHE – Associação Portuguesa de Ataxias Hereditárias?
Não conhecia a Associação. Fiquei a conhecer muito mais tarde e fui eu que contactei.
Não conhecia a Associação. Fiquei a conhecer muito mais tarde e fui eu que contactei.
8)O que acha que mais podia ser feito
para alertar a sociedade civil para a existência das ataxias hereditárias?
Acho
principalmente que os meios de comunicação social não se interessam muito com
esta problemática. Só quando acontece algo de extremamente importante se dão ao
cuidado de falar e ainda assim é muito difícil. Nós que vivemos ou convivemos
seja lá com que ataxia é que divulgamos.
9) Tem
feito mais alguma em prol da divulgação das ataxias hereditárias? Se sim, o
quê?
Sim. Habitualmente costumo fazer parte
de Antologias Literárias. Nessas colectâneas costumam participar cerca de cem
autores da Lusofonia. Na minha sinopse vai sempre a designação que luto com
todas as formas ao meu alcance contra a Ataxia de Machado-Joseph. Em qualquer
parte do mundo onde se fale português todos ficam a saber que existe esta
Doença.
Obrigada. Maria José Santos. Sara
Madaleno (pseudónimo)
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