ENTREVISTA – Rui Bernardino
Lançámos
um desafio aos autores
de livros relacionados com a ataxia: responder a uma pequena entrevista. O
segundo a responder a este repto é Rui Bernardino, autor de “É possível”. Eis
aqui a sua entrevista:
1)
Fale-nos
de si.
Sou o Rui
Bernardino, tenho 38 anos, sou de Coimbra. Casado (desde 2008) e tenho uma
filha pequena (4 anos), atualmente voltei a estudar, frequento a licenciatura
em Gestão de Empresas. Muitos acham-me teimoso mas será? (só passando o que eu
passo alguém perceberia quais os motivos da “teimosia”) Felizmente sou
persistente na busca de qualidade de vida! E convicto que Deus cuida de mim.
Acho que
não sou a melhor pessoa para falar de mim… A minha vida já deu um livro e vou
querer mais!
2)
Escreveu
um livro relacionado com a ataxia. Porquê?
É uma
forma que encontrei de me poder expressar e SER OUVIDO. O livro também mostra
como devemos valorizar as pequenas coisas, durante a minha vida nem imaginam
quantos olhares, sem nenhuma esperança, já se “cruzaram” comigo, vendo a
necessidade de tentar ajudar alguém surgi-o o livro. Logicamente não sou nenhum
super-homem! Mas se todos fizerem um pouco tudo fica mais fácil.
Falar de
ataxia de Friedrich é muito desafiante, acreditem. Primeiro porque é uma doença
degenerativa e progressiva. Estudos dizem que é um dos “tipos/ramos” mais
conhecidos da ataxia, todos falam mas o pior é vivê-la diariamente, sentir a
incapacidade de reverter a nossa saúde, perder a capacidade de falar de forma
audível a todos, etc... Ou seja, no nosso dia a dia, quase ninguém sabe o que
é?!! E dentro dos que sabem, existem as diferentes manifestações e estados
emocionais (ou de reagir) de cada doente. Apesar de tudo eu sinto que
cognitivamente melhorei mais de 100% em relação ao passado.
O meu
neurologista diz que o melhor tratamento é manter a mente ocupada com outras
coisas, ter atitudes/reações proativas.
Mas como
já disse todos PRECISAM qualidade de vida e hoje acredito, mais ainda, que este
livro tem ido ao encontro dela. Quero acreditar sempre no amanhã e que o futuro
a Deus pertence.
3)
Qual a sua
relação com a ataxia?
A minha
relação com ataxia de Friedrich já é mais do que íntima!! (riso). Sou portador,
uso cadeira de rodas há quase 20 anos, faço fisioterapia regular desde os meus
11 anos. Atualmente preciso ajudas para quase tudo (vestir, comer, banho,
transferências, etc…), a fala já está difícil! Enfim…
Mas alguém
me disse que nós só devemos olhar e valorizar o que podemos fazer. Por isso
prefiro destacar as brincadeiras com a minha filha, o amor pela minha esposa e
a minha vida atarefada mesmo na cadeira só posso dormir 5, 6 horas noite!
4) E qual o nome do livro?
“É
Possível”, nome simples, sugestivo e acessível a todos em https://www.facebook.com/livro.epossivel/.
5)
Porquê
esse título?
Achei
interessante e sem limites! Tudo depende da nossa atitude, vontade. Sinto que
por vezes, nós é que nos limitamos (precisamos sair da nossa zona de
conforto!). E a decisão deste titulo também passou pela leitura da bíblia de:
"Se podes?", disse Jesus. "Tudo é possível àquele que crê." Marcos 9:23.
"Se podes?", disse Jesus. "Tudo é possível àquele que crê." Marcos 9:23.
6)
Onde se
pode encontrar o livro?
Felizmente
em vários locais, só ir a uma livraria do país, no Brasil também está
disponível ou eu mesmo posso enviar pelo correio (só entrar na página e falar
comigo, eu assino!). Quem ainda não leu ficou sem desculpas…
7)
Já
conhecia a APAHE – Associação Portuguesa de Ataxias Hereditárias?
Sim, quase
desde que surgi-o. Considero, nos dias de hoje, ser fácil e essencial tentar
estar bem informado e atualizado com tudo aquilo que nos rodeia! Admiro aqueles
que “dão voz à doença” no meio de tanta dificuldade “É Possível” (riso).
8)
O que acha
que mais podia ser feito para alertar a sociedade civil para a existência das
ataxias hereditárias?
Tenho
noção das restrições, mas mesmo assim é bom divulgar, valorizar o esforço de
cada um com mais sensibilização fazendo mais eventos, acho que todos juntos
fica mais fácil!
9)
Tem feito
mais alguma em prol da divulgação das ataxias hereditárias? Se sim, o quê?
Viver o
dia a dia, bem com a vida é a melhor divulgação mas além disso e do livro,
sensibilizo a Universidade e sou membro de outras associações do país e tento
sempre que consigo estar envolvido em atividades.
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