O meu ponto de vista: é melhor viver a vida um dia de cada vez
Por Paul Steffan
O que se diz a um amigo que foi visitado pelo infortúnio - alguém que conhece há anos, que teve uma morte na família, perdeu um emprego ou descobriu que tem um problema de saúde grave?
Fiquei triste quando li sobre a lenda de Buffalo (NY, EUA), Irv Weinstein, e a sua batalha com a esclerose lateral amiotrófica (ELA), mas também fui encorajado pela atitude que ele demonstrou, ao expressar a sua gratidão por uma grande vida.
Eu sei um pouco sobre estas situações. Recentemente tive que me ausentar, por razões médicas, do meu trabalho de vendas, pois os sintomas da doença de Parkinson que me afeta tornaram-se demasiado evidentes para os ignorar. A minha esposa, depois de ter sido mal diagnosticada com esclerose múltipla, tem lutado com uma ataxia espinocerebelosa.
Brincamos um com o outro a dizer que somos o casal ideal de doenças neurológicas. Talvez algum dia descubramos algum tipo de elo em comum, mas por agora vivemos dia de cada vez.
A maioria das pessoas tem dificuldade em lidar com isto quando eu me cruzo com elas. Ignoram-no ou nervosamente perguntam sobre isso, não sabendo o que podem perguntar antes de excederem o seu próprio nível de conforto ou perceberem qual o meu.
Eu não me importo de falar sobre isso. As pessoas invariavelmente falam-me das suas próprias doenças e como a marcha implacável do tempo teve efeito nelas. Ou, procurando por algo em comum, contam-me sobre um amigo ou membro da família que também teve Parkinson, ataxia, esclerose múltipla, paralisia cerebral, tumor cerebral, Alzheimer, demência ou qualquer outro de uma miríade de problemas de saúde.
Lembro-lhes que todos temos algo, e que lidamos com eles à nossa própria maneira. Muitas vezes eu ouço o quanto lamentam saber e que é uma tristeza trabalhar tanto só para ficar doente quando a reforma já está à vista.
Isto é o que nós gostamos de ouvir: "Estamos pensando em vocês", "É a vossa atitude positiva que fará a diferença", "Rezem por nós, nós rezaremos por vocês", "De alguma maneira, vamos conseguir juntos" ou o meu favorito "Vai tudo ficar bem".
A minha esposa e eu estamos nesta estrada por alguma razão, ou talvez por nenhuma razão. Eu disse aos rapazes dos Pirates (adoro treinar baseball) que não podemos controlar o que nos acontece, mas que podemos controlar como reagimos.
Não rezo por uma cura, embora eu não diga que não a ninguém. Rezo por tolerância, paciência, compreensão, coragem e consciencialização para que, de alguma maneira, eu possa transformar um azar numa coisa boa.
Sabemos o que aí vem, acreditem em mim. Mas também sabemos que focar-nos no negativo não ajuda. Tentamos não pensar no que o futuro nos reserva daqui a um ano, muito menos cinco ou dez, se Deus quiser. Temos que nos agarrar à ideia de que as probabilidades de um avanço são tão prováveis, como podem não o ser.
O nosso prazo é de 24 horas. Hoje. Faremos cada segmento das 24 horas do nosso futuro o melhor que pudermos porque, como todo mundo, não há garantias para depois.
Então, Irv, os nossos corações estão contigo. Se alguém está à altura dos desafios da ELA, sabemos que tu estás. Eras uma parte da nossa vida todas as noites e quem reclama o título de "Buffaloniano" tem um pedaço de Irv Weinstein.
Estamos a lidar com algo, e a forma digna como ele escolheu lidar com isso é uma inspiração para todos nós. Algum dia teremos todas as respostas. Hoje teremos que confiar na fé.
Paul Steffan e sua esposa, Linda, têm vivido a vida um dia de cada vez, juntos, nos últimos 30 anos. Eles vivem em Williamsville (NY, EUA).
Irv Weinstein – famoso jornalista televisivo, já reformado
“Buffaloniano” – natural de Buffalo (NY, EUA)
(artigo traduzido)
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