Espasticidade: duas novas linhas de tratamento
Uma
equipa de investigadores do Instituto de Neurociências da Universidade de
Aix-Marseille (França) identificou um dos mecanismos na origem da
espasticidade e testou com sucesso dois medicamentos em animais.
É na membrana dos neurónios
que inervam os músculos, os neurónios motores, que Frederick Brocard e os seus
colegas (CNRS/Universidade de Aix-Marseille) encontraram uma anomalia,
responsável por movimentos espásticos. As proteínas formam canais que permitem passar,
ou não, os iões de sódio. Quando estes canais de sódio se abrem, os iões entram
no neurónio e, excitado, transmite ao músculo a ordem para se contrair. Em
seguida, os canais fecham-se rapidamente e o músculo descontrai. Mas há
situações em que este mecanismo avaria. Os investigadores descobriram que, em
animais após lesão da medula espinal, a atividade de uma enzima, a calpaina,
aumenta. No entanto, ela bloqueia o sistema de bloqueio. Resultado: os canais
ficam abertos, a excitação do neurónio prolonga-se, assim como as contrações
que geram movimentos espásticos altamente incapacitantes.
A
preparação de um ensaio em humanos
O destaque do papel dos
fluxos de calpaína e sódio na espasticidade levou os investigadores a dois
novos tratamentos. O primeiro é um inibidor da calpaina, nunca testado em seres
humanos. O segundo, um fármaco conhecido por reduzir o fluxo de sódio a e já
utilizado como um tratamento para a esclerose lateral amiotrófica (ELA). A
equipa de Frederick Brocard avaliou ambos em ratos com lesões da medula
espinhal. Com sucesso.
A utilização de dez dias de
um inibidor de calpaína restaurou o funcionamento normal dos canais de sódio e
reduziu com durabilidade (um mês) os sintomas espásticos. O mesmo com riluzole,
se bem que o efeito sobre a espasticidade fosse menos durável e os sintomas
reaparecessem duas semanas após a interrupção do tratamento.
Tendo em conta estes
resultados promissores, um ensaio clínico está previsto este ano no Hospital
Universitário La Timone, em Marselha (França). Trinta lesões da medula espinhal
(para e tetraplégicos) serão tratados com riluzole, em xarope, em várias doses,
para um estudo farmacocinético e outros sessenta para medir a eficácia na
espasticidade.
Em paralelo, a equipa de
Frederic Brocard irá prosseguir as suas investigações sobre o papel da calpaína
através do teste de outros inibidores de calpaina em animais. Antes, assim o esperam,
de avaliar tal inibidor em seres humanos.
CNRS – Centre National de la Recherche Scientifique – Centro Nacional de
Investigação Científica (França)
(artigo traduzido)
Comentários
Enviar um comentário