Investigadores da UAB (EUA) procuram biomarcadores da ataxia de Friedreich
Jill Butler e Marek Napierala |
Investigadores da Universidade
de Alabama em Birmingham (EUA) receberam financiamento para procurar e validar
biomarcadores da doença hereditária e progressiva, ataxia de Friedreich, uma
doença neuromuscular degenerativa que reduz a esperança de vida.
"Há uma grande procura
de biomarcadores por causa de ensaios clínicos em curso com pacientes de ataxia
de Friedreich", disse Marek Napierala, Ph.D., professor assistente no Departamento
de Bioquímica e Genética Molecular da UAB, Instituto de Células Estaminais da
UAB. "Nós precisamos de melhores medições da progressão da doença e da
resposta terapêutica."
Napierala e Jill Butler,
Ph.D., professora de Bioquímica e Genética Molecular, são co-investigadores
nesta doação bienal de 140.000 dólares por ano, que é financiada pelas
organizações sem fins lucrativos, FARA (EUA) e FARA Irlanda.
Um biomarcador, ou marcador
biológico, é uma maneira objetiva de medir um estado biológico normal, um
processo de doença ou a resposta à terapia. Exemplos comuns são a tensão
arterial, os níveis de colesterol, ou verificar a temperatura de uma criança
quando ele ou ela se sente mal.
A descoberta de
biomarcadores validados é uma prioridade elevada para a FARA, porque são de
valor inestimável para ajudar a acelerar o desenvolvimento e avaliação clínica
de potenciais fármacos. A linha de possíveis fármacos para o tratamento da ataxia
de Friedreich já inclui nove potenciais fármacos ou tratamentos que estão em
testes clínicos em humanos, mais sete que estão em testes pré-clínicos, e
quatro outros na fase de descoberta.
Cerca de um em 50.000
pessoas nos EUA vive com ataxia de Friedreich. A maior parte tem o início dos
sintomas entre as idades de 5 e 18 anos, começando com um tropeção ou andar
cambaleante e quedas. A degeneração dos neurónios da medula espinhal e
cardiomiopatia são duas características desta doença debilitante. A perda
progressiva da força muscular e coordenação leva à incapacidade motora e uso, a
tempo integral, de uma cadeira de rodas depois de aproximadamente 10 a 15 anos
a partir do início da doença.
Napierala e Butler usam uma
abordagem sofisticada na sua busca por biomarcadores. Eles coletam células de
pacientes com ataxia de Friedreich e transformam-nas em células estaminais
pluripotentes induzidas (iPSCs). Estas iPSCs são semelhantes às células
estaminais embrionárias, na medida em que podem diferenciar-se em todos os
outros tipos de células no corpo. Na UAB, disse Butler, "coletámos um
repositório de fibroblastos de biópsias de pele de mais de 50 pacientes com
ataxia de Friedreich e numerosos indivíduos não afetados."
Num trabalho preliminar para
a aplicação da doação, Butler e Napierala olharam para a expressão genética do ARN
no paciente e em células de fibroblastos de controlo. Identificaram diversas
variações de expressão genética como biomarcadores candidatos, e agora estão a
trabalhar para validar esses candidatos em modelos cardíacos de linhas de
células neuronais da ataxia de Friedreich e adaptar estes biomarcadores para
testes de rotina num ambiente clínico. Eles medem os níveis de expressão das
proteínas utilizando conjuntos de proteínas da fase inversa, e têm planos futuros
para procurar mudanças nos microARNs nas células com ataxia de Friedreich. Os
microARNs são sequências curtas de ARN que atuam como agentes robustos da
regulação genética nas células.
"Para esta investigação
para ser bem-sucedida e transitá-la para a prática clínica", disse
Napierala, "o teste ou medição precisa ser feito facilmente." Os biomarcadores
ideais também têm que ser seguros, rentáveis e facilmente adaptados a partir de
testes do laboratório de investigação para a prática clínica.
"A identificação de
novos biomarcadores é uma prioridade elevada para a FARA," disse o Diretora
Executiva da FARA, Jennifer Farmer. "Antecipamos que a investigação
conduzida pelos Drs. Napierala e Butler vai identificar novos biomarcadores
específicos da ataxia de Friedreich que podem ser usados para medir a
resposta ao tratamento ou melhor prever a resposta a intervenções terapêuticas
específicas, tanto in vitro durante testes pré-clínicos como in vivo em ensaios
clínicos. A FARA também é mais sensível a esta equipa de investigação pelos seus
esforços de colaboração para o estabelecimento de um banco de células com
ataxia de Friedreich bem caracterizado que pode ser compartilhado com a
comunidade científica."
Cerca de uma em cada 100
pessoas é portadora da mutação recessiva para a ataxia de Friedreich, mas a
doença ocorre somente em pessoas que recebem duas cópias dessa mutação - uma da
mãe e outra do pai. As mutações reduzem a expressão da proteína frataxina, que
funciona nas mitocôndrias das células. As mitocôndrias são organelas dentro de
células pequenas, onde a respiração e a produção de energia ocorrem. A deficiência
progressiva de frataxina danifica as células neuronais e cardíacas sensíveis.
FARA – Friedreich’s Ataxia
Research Alliance (Aliança para a Investigação na Ataxia de Friedreich), http://www.curefa.org
(artigo traduzido)
Fonte: https://www.uab.edu/news/innovation/item/6693-uab-researchers-seek-friedreich-s-ataxia-biomarkers
Comentários
Enviar um comentário