Ensaio de Riluzole para a ataxia cerebelosa hereditária traz esperança
As opções de tratamento para
a maioria das ataxias hereditárias são muito escassas. Desde 2014, fármacos com
perfis de segurança conhecidos foram testados no tratamento de ataxias
hereditárias, tais como a ataxia de Friedreich e ataxia espinocerebelosa. Um
estudo piloto em pacientes com ataxias cerebelosas de diferentes causas mostrou
benefícios significativos com o tratamento de riluzole, um medicamento em uso
para retardar a progressão da esclerose lateral amiotrófica, após 8 semanas. Um
seguimento deste estudo intitulado "Riluzole
em pacientes com ataxia cerebelosa hereditária: um ensaio duplo-cego,
randomizado, controlado por placebo", publicado na revista The Lancet Neurology, apoia a ideia de
que o riluzole pode ser um tratamento eficaz para os pacientes com ataxia
cerebelosa.
As ataxias espinocerebelosas
e a ataxia de Friedreich são doenças genéticas incapacitantes que afetam os
jovens e caracterizada por distúrbios na marcha e posturais progressivos. Não
há nenhum tratamento eficaz para as ataxias cerebrais hereditárias. Neste
estudo, os investigadores realizaram um estudo de um ano, duplo-cego,
controlado por placebo com riluzole em pacientes com ataxia espinocerebelosa ou
ataxia de Friedreich. Um total de 55 pacientes com ataxia espinocerebelosa ou
ataxia de Friedreich, de três unidades neurogenéticas italianas, foram
inscritos entre 22 de maio de 2010 e 25 fevereiro de 2013, e foram
aleatoriamente designados para 50 mg de riluzole por via oral duas vezes por
dia ou placebo durante 12 meses. Utilizando uma escala clínica para
semi-quantitativamente avaliar os distúrbios causados pela ataxia cerebelosa,
conhecida como Avaliação e Classificação da Ataxia (SARA), identificaram a
proporção de pacientes com melhor pontuação (uma queda de pelo menos um ponto)
em 12 meses.
A proporção de pacientes com
uma menor pontuação na SARA foi de 50% no grupo do riluzole contra 11% no grupo
do placebo. É importante ressaltar que não foram registrados efeitos adversos
graves.
Os dados apoiam a ideia de
que o riluzole poderia ser um tratamento eficaz para a ataxia cerebelosa.
Apesar dos resultados positivos, no entanto, os investigadores dizem que são
necessários estudos mais longos antes do riluzole poder ser utilizado como uma
terapia eficaz. "No geral, este estudo corrobora a ideia de que o riluzole
pode ser eficaz no tratamento de pacientes com ataxia cerebelosa, para além da
sua indicação presente para a esclerose lateral amiotrófica. O efeito do
fármaco parece ser não ser afetado pelo ajuste para as diferentes formas
clínicas de ataxia," disseram os autores no seu estudo.
"Os nossos resultados
sugerem que o riluzole poderia eventualmente ser utilizado na prática clínica,
mas estudos confirmatórios em populações maiores e de doenças específicas, por
um período de observação mais longo (para reduzir os efeitos de flutuações nas
doenças de evolução lenta) são necessários", concluíram.
(artigo traduzido)
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