As ataxias hereditárias

CAUSAS DA ATAXIA
As ataxias hereditárias são genéticas, o que significa que são causadas por um defeito num determinado gene que está presente desde o início da vida duma pessoa. Todos nós temos genes que têm pequenos erros ou variações, mas a maioria delas não causam doenças; esses são chamados de mutações. As ataxias hereditárias podem ser divididas entre aquelas que são dominantes e aquelas que são recessivas.

Afeta homens e mulheres igualmente
A hereditariedade autossómica dominante refere-se a um padrão genético em que o gene que causa a ataxia é localizado num dos autossomas e irá afetar ambos os sexos de forma igual. Um autossoma é qualquer um dos cromossomas que não são cromossomas sexuais. Todos os genes vêm em pares e a hereditariedade dominante significa que o gene com a mutação da doença domina sobre a cópia normal do gene. O filho dum progenitor com um gene de ataxia autossómica dominante tem uma hipótese de 50/50 de herdar o gene de ataxia ou não.

Padrões genéticos
As doenças hereditárias autossómicas recessivas também afetam homens e mulheres igualmente, mas é preciso uma "dose dupla" do gene da ataxia para resultar em sintomas da doença. Ambos os progenitores devem ser portadores do gene da doença e cada um deve passar sobre o gene da ataxia ao seu filho para a dose dupla que é necessária para produzir sintomas da doença recessiva. Cada filho de progenitores que são portadores de uma doença recessiva tem uma hipótese de 25% de herdar dois genes da ataxia e que irá desenvolver a doença, 50% de hipótese de herdar apenas um dos genes da ataxia e, portanto, ser um portador e 25% de hipótese de herdar nenhum gene da ataxia e ser completamente livre da ataxia. Como um único gene recessivo da ataxia não causa sintomas, pode ser transmitido numa família por gerações sem ser reconhecido. Portanto, muitas vezes não há "histórico familiar" de ataxia se a doença é herdada por um gene recessivo.

Gene da ataxia identificado em 1993
O primeiro gene de uma ataxia de hereditariedade dominante foi identificado em 1993. Foi chamado de ataxia espinocerebelosa tipo 1 (SCA1). Posteriormente, à medida que os genes dominantes foram sendo identificados eram chamados de SCA2, SCA3, etc. Geralmente o número a seguir ao SCA refere-se à ordem em que foi o gene foi identificado. Neste momento, 36 mutações genéticas diferentes foram identificadas. Em outras palavras, temos classificações de ataxia dominantes de SCA1 a SCA36. Também foram identificados alguns genes de ataxias recessivas, sendo a ataxia de Friedreich (FRDA) a mais comum, mas também a ataxia com  apraxia oculomotora tipo 1 e tipo 2 (AOA1 e AOA2).

Afeta o sistema nervoso
Os que os vários genes anómalos que causam ataxia têm em comum, é que tornam proteínas anómalas que afetam as células nervosas, principalmente no cerebelo (e outras partes do cérebro) e medula espinal. Os detalhes de quais as partes do sistema nervoso são mais afetadas variam com os diferentes tipos de ataxia. Todas as formas de ataxia causam má coordenação, mas algumas formas também causam sintomas adicionais, que tornam mais fácil distinguir uma coisa da outra.

A ataxia resulta na degeneração das células nervosas
Eventualmente, as células nervosas afetadas começam a funcionar mal e, finalmente, degeneram. À medida que a doença progride, os músculos se tornam cada vez menos responsivos aos comandos do cérebro, causando problemas de coordenação cada vez mais pronunciados Aqueles afetados por má coordenação irão notar falta de equilíbrio ao caminhar, incapacidade de correr, falta de jeito nas mãos, uma mudança no discurso, ou movimentos oculares anómalos.


(artigo traduzido)



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