É necessária mais investigação para identificar o perfil da expressão genética distintivo na ataxia de Friedreich


Um estudo recentemente publicado na revista The Cerebellum avaliou a expressão genética de genes particulares supostamente relacionados com a doença ataxia de Friedreich. O estudo é intitulado "O perfil da expressão genética em células sanguíneas periféricas em pacientes com ataxia de Friedreich" e foi desenvolvido por investigadores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Hospital Israelita Albert Einstein no Brasil.

A ataxia de Friedreich é uma doença neurodegenerativa hereditária rara caracterizada pela lesão progressiva do sistema nervoso com degeneração da medula espinal e nervos periféricos que leva a fraqueza muscular, perda sensorial, défice de equilíbrio e falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários. Os pacientes também podem experimentar deformidades esqueléticas, diabetes mellitus e cardiomiopatia hipertrófica (distúrbio no qual o músculo cardíaco torna-se anormalmente hipertrofiado, comprometendo sua função). A ataxia de Friedreich é causada por uma mutação num gene chamado frataxina (FXN), o que leva a uma redução nos níveis da frataxina mARN e das proteínas em diferentes tecidos, incluindo células sanguíneas periféricas (PBC). O início da doença é geralmente durante a infância ou adolescência e leva à incapacidade progressiva, a dependência de uma cadeira de rodas e esperança de vida reduzida. Não há atualmente nenhuma terapia capaz de retardar ou reverter a progressão da doença ataxia de Friedreich.

Estudos anteriores baseados em microarrastos combinados com PCR quantitativos em tempo real, um método que permite a deteção e medição dos níveis de expressão dum grande número de genes, têm demonstrado que a diminuição da expressão FXN está ligada a um perfil de expressão genético complexo, com vários genes que exibem um padrão de expressão alterada, especialmente em vias relacionadas com o metabolismo do ferro-enxofre e o processo inflamatório.

O estudo de genes diferencialmente expressos em PBC podem proporcionar uma melhor compreensão da patogénese da ataxia de Friedreich, e poderia potencialmente identificar genes que poderiam ser utilizados como biomarcadores fiáveis ​​da doença.

No estudo, os investigadores analisaram a expressão de 26 genes específicos que tenham sido previamente reportados para ser diferencialmente expressos entre os pacientes com ataxia de Friedreich e indivíduos saudáveis. A equipa testou PBC de 11 pacientes com ataxia de Friedreich e 11 indivíduos saudáveis pareados por idade e sexo.

Os investigadores descobriram que o FXN foi de fato fortemente reprimido no PBC de pacientes com ataxia de Friedreich, em comparação com controlos saudáveis. No entanto, para além de FXN, nenhum outro gene testado foi encontrado para ter uma diferença estatisticamente significativa entre pacientes com ataxia de Friedreich e controlos.

A equipa de investigação concluiu que, com a exceção do gene FXN já conhecida, não foi possível identificar outros genes que tivessem um perfil de expressão diferencial no PBC de pacientes com ataxia de Friedreich e indivíduos saudáveis. São necessárias mais investigações para encontrar um possível perfil de expressão genética biomarcador da doença.


(artigo traduzido)



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