Testes revelam cardiomiopatia associada à ataxia de Freidreich
Os pacientes com ataxia de
Friedreich correm um risco elevado de desenvolvimento de cardiomiopatia
hipertrófica, onde as paredes do coração tornam-se mais espessa do que o
normal. Pouco se sabe sobre a progressão da cardiomiopatia hipertrófica em
pacientes com ataxia de Friedreich, embora a doença possa limitar seriamente a
vida. Para resolver esta falta de conhecimento, os investigadores do Centro
Abrangente para as Falhas Cardíacas da Universidade de Würzburg, na Alemanha
conduziram uma avaliação completa de pacientes ataxia de Friedreich com
cardiomiopatia e descobriram que uma avaliação cardíaca abrangente pode detetar
o problema quase 100% das vezes.
O novo trabalho, intitulado
"A Cardiomiopatia na Ataxia de Friedreich - Novo Biomarcador para o Envolvimento
Cardíaco", foi publicado no International
Journal of Cardiology. Baseia-se no trabalho do grupo em 2012, que
estabeleceu um algoritmo de teste para descrever o comprometimento cardíaco na
cardiomiopatia de Friedreich. No presente estudo, os investigadores avaliaram
32 pacientes com ataxia de Friedreich, usando uma variedade de técnicas,
incluindo eletrocardiograma de repouso, eletrocardiograma-Holter de 24 horas,
ecocardiograma e ressonância magnética.
Cada técnica de avaliação
foi realizada por uma razão específica. O eletrocardiograma de repouso foi
utilizado para determinar anormalidades em sinais elétricos no coração, o
eletrocardiograma-Holter de 24 horas foi utilizado para detetar perturbações do
ritmo cardíaco, e o ecocardiograma e a ressonância magnética foram usados para
visualizar o coração. Para além destas técnicas de avaliação, os investigadores
também recolheram amostras de sangue para detetar biomarcadores no soro dos
pacientes.
Todos, com exceção de dois
dos 32 pacientes com ataxia de Friedreich, tinham cardiomiopatia. Usando o
sistema da plataforma anterior, os investigadores estratificaram os pacientes
em fase final (25% dos pacientes), fase grave (41% dos pacientes), fase
intermediária (13% dos pacientes), e na fase inicial (16% dos pacientes) da cardiomiopatia.
Usando essas
estratificações, os investigadores foram capazes de correlacionar a gravidade
da doença com a espessura da parede do coração. Eles perceberam que as
cardiomiopatias em fase inicial apresentaram um aumento da espessura da parede,
enquanto as mais avançadas mostraram uma remodelação da parede e uma diminuição
da espessura. "O presente estudo sugere que um paciente com ataxia de Friedreich
deve ser avaliado pelo menos uma vez por imagem com eletrocardiografia e exame
de imagem sofisticado incluindo biomarcadores sanguíneos", comentaram os
autores. Embora uma avaliação abrangente cardíaca possa revelar cardiomiopatias
em quase 100% dos pacientes com ataxia de Friedreich, os pacientes com fibrose
avançada no coração podem não ser detetados devido a processos de remodelação
que afetam a espessura da parede. Por conseguinte, de modo a "ver"
cardiomiopatias, é importante tanto visualizar o coração, como testar o soro para
os biomarcadores do problema.
(artigo traduzido)
Comentários
Enviar um comentário