Através de toda a China: Viajar com esperança, com um cão, uma cadeira de rodas e muito amor

É fácil desenhar um coração na areia e dizer "Eu amo-te", mas poucos têm o coração de Ding Yizhou, 28, que está a desenhar um coração em toda a China, com as marcas dos rodados da cadeira de rodas da sua namorada.

A jornada deles começou em Liuzhou, na Região Autónoma de Guangxi Zhuang, no sul da China. Ding estima que vai demorar três anos. "Mas eu espero que nunca acabe", disse ele.

A sua namorada Lai Min, 28, foi diagnosticado com ataxia espinocerebelosa, quando era ainda uma criança. É uma doença progressiva genética, degenerativa. A sua mãe e o seu tio morreram com ela. O seu pai morreu num acidente de trânsito em 2009.

A condição física de Lai deteriorou-se no início do ano passado, e ela perdeu a capacidade de andar sem ajuda. "O que farão se eu morrer um dia?" ela perguntou aos amigos no seu microblogue.

A mensagem foi vista pelo seu colega de classe da escola primária Ding, que entrou em contato com ela e - pronto! – apaixonaram-se.

Ding gastou todas as suas economias no tratamento médico de Lai, mas sem sucesso. Em desespero, Lai disse a Ding o seu desejo, que soa como uma versão real do filme “Uma semana”.

“Ao invés de ficar na cama e esperar pelo meu último suspiro, eu prefiro gravar a minha imagem com uma câmara em todos os lugares bonitos de toda a China ", disse ela.

Ding não podia fazer mais nada, senão concordar. Apesar de a ideia poder parecer louca a alguns, o homem tinha um plano. A Lai senta-se na sua cadeira de rodas, que Ding puxa com o seu cão de estimação, A Bao. Ding conduz a sua bicicleta, enquanto o cão pastor branco caminha ao seu lado.

Com apenas 200 yuan (cerca de 32 dólares) entre eles, Ding planeou ganhar dinheiro a fazer de cabeleireiro para os moradores ou através de trabalhos agrícolas ao longo do caminho. À noite, quando não há hotéis, eles vão montar uma tenda.

Muitas pessoas foram tocadas pela história deles. Os transeuntes dão-lhes dinheiro, quer eles queriam, quer não. Num prazo de cinco dias, eles tinham cerca de 11.000 yuan, mas Ding recusa patrocínios.

As pessoas que passam por eles têm-lhes oferecido boleia, que educadamente eles recusam. "O melhor cenário está a caminho", diz Ding. "Nós não queremos perder nada."

Quando os repórteres da Xinhua (agência de notícias oficial do governo da República Popular da China) os alcançaram, os dois estavam numa estrada nacional em Laibin, a cerca de 50 quilômetros de onde começaram. Estava a chover. Lai segurava um guarda-chuva; A Bao usava uma capa para a chuva, enquanto Ding, magro e queimado pelo sol, tropeça na chuva, os sapatos já desgastado.

Um velho amigo, o Sr. Pan, deu a Ding um par de sapatos novos. "Ele era um menino tão impertinente na escola", disse Pan. "Eu nunca imaginei que pudesse ser tão responsável e dedicado. O amor pode mudar um homem."

Lai e Ding estão a caminho de Nanning, capital da província de Guangxi, onde alguém lhes doou um triciclo elétrico. Isso vai definitivamente acelerar a jornada deles.

Segue-se a cénica Yunnan e, mais tarde, o Tibete. "Vai ser Verão quando lá chegarmos, por isso não vamos sentir o frio", disse Ding.

Antes de eles terem iniciado a sua louca jornada, o par não pensou muito sobre o futuro, mas depois de apenas alguns dias, suas ideias mudaram.

"Quando a jornada terminar, vou criar uma fundação com o dinheiro doado para ajudar pessoas como Lai", disse Ding.

Lai disse à Xinhua que eles vão se casar ao longo do caminho. "Mas, em comparação com um casamento, eu estou ansiosa pela viagem", ela sorriu.



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