Investigadores cubanos publicam estudo importante numa revista britânica
Investigadores cubanos publicaram o primeiro e mais longo estudo longitudinal
sobre portadores assintomáticos de ataxias hereditárias, neste caso a ataxia
espinocerebelosa tipo 2 (SCA2), em The Lancet Neurology.
Esta é a primeira vez que investigadores da ilha divulgam um
artigo original nesta prestigiada publicação sem colaborações estrangeiras, o
que representa um marco para a publicação médica cubana, garante o site digital
Infomed, Portal da Saúde.
A investigação, liderada por Luis Velázquez, diretor do Centro
de Investigação e Reabilitação de Ataxias Hereditárias (CIRAH), Cuba, mostra
que mais de uma década antes do início da doença aparece um importante conjunto
de manifestações clínicas, tais como contrações musculares dolorosas,
neuropatia periférica, alteração dos reflexos osteotendinosos e alterações
motoras subtis.
Caracterizou-se o padrão de progressão desta sintomatologia e
comprovou-se o papel preponderante da mutação genética na progressão de
alterações clínicas.
A importância destes resultados baseia-se na caracterização
de uma fase prodrómica da doença e a identificação de marcadores clínicos
importantes sobre quais os tratamentos iniciais devem incidir, quando os níveis
de neurodegeneração são mais baixos e, portanto, o efeito das terapias deve ser
mais eficaz, diz o estudo.
Há algum tempo, foi determinado que a maior concentração de pacientes
do país afetado pela ataxia hereditária, uma doença caracterizada pela perda de
coordenação dos movimentos, alterações no equilíbrio, na linguagem e marcha,
encontra-se na província oriental cubana de Holguín.
Foi também detetada que a população dessa região tem um maior
risco de desenvolver a doença, causada por uma lesão ao nível do cerebelo,
medula espinhal e/ou nervos periféricos, particularmente a ataxia
espinocerebelosa tipo 2 (SCA2).
Por esse motivo, no ano 2000 foi criado o CIRAH, que fornece
assistência médica gratuita e desenvolve projetos de investigação neste campo
da medicina através de programas institucionais e comunitários.
Entre as linhas de trabalho que ali se desenvolvem, estão:
estudos de neuroproteção, oligoelementos, stress oxidativo, genes modificadores,
identificação de marcadores da evolução da doença, danos genéticos, bancos
terapêuticos, neuroreabilitação.
Também se desenvolvem ensaios clínicos controlados.
Velázquez recentemente dividiu o prêmio de investigação Georg
Forster, atribuído pela Fundação Alexander von Humboldt, na Alemanha, com a
antropóloga social argentina Irina Podgorny, especializada em História da Ciência,
e com o médico turco Ismail Cakmak, Professor da Universidade Sabanci em Istambul.
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