Ataxias espinocerebelares
Um grupo de doenças
genéticas que causam falta de jeito
http://neurology.about.com/od/Movement/a/Spinocerebellar-Ataxia.htm
Quando as pessoas falam de
ataxias espinocerebelares (SCA), estão, na verdade, a referir-se a um grupo de
doenças neurodegenerativas que causam uma falta de jeito progressiva. Há mais
de 35 tipos diferentes de ataxia espinocerebelar, cada uma causada por uma
mutação genética diferente. E ainda continuam a serem descobertos novos tipos.
Apesar de haver muitas
variações diferentes, a SCA é bastante rara. Mesmo assim, é uma das causas mais
comuns da ataxia genética. Mesmo entre pessoas que desenvolvem ataxia sem
qualquer histórico familiar, pode-se descobrir uma nova mutação SCA cerca de
20% das vezes.
O
que causa a SCA?
A SCA é devida a uma mutação
genética. Muitos tipos são devidos às chamadas expansões de mutações, nas quais
vários nucleotídeos (normalmente citosina, adenosina e guanina) repetem-se mais
do que numa pessoa saudável. À forma comum envolvendo a repetição de três
nucleotídeos, chama-se uma repetição trinucleotídica. O resultado dessa
repetição é que é expressada uma forma de proteína mutada, levando a sintomas
da doença.
A ataxia espinocerebelar é,
normalmente, hereditária de uma forma autossómica dominante, significando que
se um dos pais tem a doença, há cerca de 50% de hipóteses de o filho também a
ter.
Como o nome ataxia
espinocerebelar sugere, a doença afeta o cerebelo e mais. O tronco cerebral
também pode definhar (atrofia), especialmente nas SCA tipo 1, 2 e 7. As regiões
da atrofia frequentemente controlam os movimentos oculares, levando a
descobertas fora do normal quando do exame físico pelo neurologista.
Qual
o prognóstico na atrofia espinho-cerebelar?
As ataxias espinocerebelares
devidas à expansão das repetições das mutações normalmente declaram-se por
volta da meia-idade. Para além da ataxia, outros achados neurológicos estão
muitas vezes presentes, dependendo da variante de SCA. Geralmente, quanto maior
a repetição for, mais novo será o paciente quando os sintomas se declararem e
mais rápida será a progressão da doença.
Geralmente, a SCA tipo 1 é
mais agressiva que os tipos 2 e 3, e a tipo 6 é a menos agressiva das SCA
devido a uma repetição trinucleotídica. Não há muita informação sobre os outros
tipos de ataxias espinocerebelares, mas a maioria das pessoas afetadas vai
necessitar de uma cadeira de rodas 10 ou 15 anos após o aparecimento dos
sintomas. Apesar de a maioria das formas de SCA diminuir a esperança de vida,
nem sempre é esse o caso.
Como
é que é tratada a atrofia espinho-cerebelar?
Não há cura para a SCA. Têm
sido sugeridos medicamentos como o zolpidem ou a veraniclina para ajudar as SCA
tipo 2 e 3, respetivamente.
SCA1
A SCA1 é responsável por 3 a
16% das ataxias cerebelares autossómicas dominantes. Para além da ataxia, a
SCA1 é associada a dificuldades na fala e em engolir. Também são comuns os
aumentos de reflexos. Alguns pacientes também desenvolvem perda de massa
muscular.
A mutação da SCA1 é uma
repetição trinucleotídica numa região denominada ataxina 1. A forma mutada da
ataxina 1 aglomera-se junto às células e pode alterar como as células nervosas
traduzem o seu próprio código genético. Isto é especialmente verdade nas
células do cerebelo.
SCA2
Cerca de 6 a 18% das pessoas
com ataxias espinocerebelares têm SCA2. A SCA2 também causa problemas na
coordenação, mas também causa movimentos oculares lentos. Em casos severos, a
SCA2 pode causar atrasos no desenvolvimento, convulsões e dificuldade em
engolir, mesmo na infância.
A SCA2 é causada por outra
repetição trinucleotídica, desta feita codificando uma proteína denominada
ataxia 2. Enquanto que a SCA1 afeta o núcleo da célula e o ADN, a SCA2 parece
que afeta o ARN e faz a recolha fora do núcleo.
A SCA2 demonstra como é que
pessoas diferentes podem ter sintomas diferentes, mesmo que tenham a mesma
mutação. Uma família italiana com SCA2 tem sofrido de deterioração mental e
famílias tunisinas têm sofrido de coréia e distonia.
SCA3
A SCA3, mais conhecida como
a Doença de Machado-Joseph, é a forma mais comum de SCA autossómica dominante,
representando cerca de 21 a 23% das SCA nos EUA. Para além da ataxia, os
pacientes com Machado-Joseph também têm movimentos oculares lentos e
dificuldades em engolir. Também podem ocorrer prejuízos cognitivos, assim como
disautonomia. Nos exames neurológicos, os pacientes com SCA3 podem ter uma
mistura de achados de neurónios motores superiores e inferiores, sugestivos de
esclerose lateral amiotrófica.
SCA4
e 5
Estas formas são menos
comuns e não são devidas a repetições trinucleotídicas. Na SCA4 pode haver uma
neuropatia periférica, mas isso é verdade para a maioria das ataxias espinocerebelares.
A SCA5, para além da ataxia, quase que não tem outros sintomas. A SCA5 tende a
ser mais suave e a progredir lentamente. Um facto interessante, é que a mutação
original parece descender dos avós paternos de Abraham Lincoln.
SCA6
A SCA6 representa 15 a 17 %
das SCA. A mutação é num gene também associado à ataxia episódica e algumas
formas de enxaqueca. Para além da ataxia, no exame neurológico também pode
aparecer um movimento ocular anormal, conhecido por nistagmo.
SCA7
A SCA7 apenas representa 2 a
5% das ataxias espinocerebelares autossómicas dominantes. Os sintomas dependem
da idade do paciente e do tamanho
da repetição. Por vezes a perda de visão é associada à SCA7. Em adultos, esta
perda de visão pode acontecer antes da ataxia. Se a repetição trinucleotídica
for longa, a perda de visão pode mesmo acontecer primeiro. Na infância,
convulsões e problemas cardíacos aparecem juntamente com a ataxia e a perda de
visão.
Como o resto das ataxias
espinocerebelares são tão raras, não vamos discuti-las em mais detalhe. Na
maioria das vezes, é difícil distinguir os sintomas das várias SCA que já estão
identificadas, mas as mutações genéticas são diferentes.
Por exemplo, a SCA8
parece-se muito com outra SCA, mas é invulgar na medida em que em vez de as
coisas piorarem com maiores repetições trinucleotídicas, o único problema é
quando há entre 80 e 250 repetições. Mais ou menos não parecem criar problema.
A SCA10 é uma repetição pentanucleotídica em vez de trinucleotídica. Algumas
destas doenças, como a SCA25, foram
apenas descritas numa família.
Outras
ataxias espinocerebelares
Apesar de as ataxias
espinocerebelares serem incomuns, é importante, quer para os neurologistas,
quer para os pacientes, considerarem este diagnóstico, seja houver histórico
familiar de falta de jeito. Um diagnóstico de SCA pode ter implicações
importantes não apenas para a pessoa imediatamente afetada, como também para
toda a família.
http://neurology.about.com/od/Movement/a/Spinocerebellar-Ataxia.htm
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