A ataxia de Friedreich revela um mecanismo para coordenar a regulação do metabolismo oxidativo, via inibição do feedback do deacetilase SIRT3


Gregory R. Wagner, P. Melanie Pride, Clifford M. Babbey, R. Mark Payne

 Resumo

A ataxia de Friedreich (FRDA) é a ataxia hereditária humana mais comum e é causada por uma deficiência na proteína mitocondrial frataxina. Clinicamente, os pacientes padecem de degeneração espinocerebelar progressiva, diabetes, e uma cardiomiopatia fatal, associada a defeitos respiratórios mitocondriais. Descobertas recentes têm demonstrado que a acetilação da lisina regula a função mitocondrial e o metabolismo intermediário. No entanto, sabe-se pouco sobre a acetilação da lisina no cenário do stresse energético patológico e disfunção mitocondrial. Testámos a hipótese de que os problemas da cadeia respiratória, em casos de deficiência da frataxina, alteram a acetilação das proteínas mitocondriais. Através do uso de dois modelos de ratos de FRDA, demonstrámos hiperacetilação marcante de numerosas proteínas mitocondriais cardíacas. Significativamente, este fenótipo bioquímico desenvolve-se juntamente com hipertrofia cardíaca e é causado pela inibição do deacetilase SIRT3 dependente do dinucleótido de nicotinamida-adenina (NAD+).  Esta inibição é causada por um decréscimo de 85 vezes no mitocondrial NAD+/NADH e modificação direta no grupo carbonilo SIRT3, e é revertida pelo excesso de SIRT3 e NAD+ in vitro. Demonstramos ainda que a hiperacetilação proteínica pode ser uma característica comum das doenças mitocondriais causadas por defeitos da cadeia respiratória, nomeadamente, deficiência do Citocromo Oxidase I. Estas descobertas sugerem que a inibição SIRT3 e consequente hiperacetilação proteínica representam um mecanismo negativo de feedback, limitando as vias oxidativas mitocondriais quando o metabolismo respiratório é comprometido e, assim, poder contribuir para a cardiomiopatia letal na FRDA.

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