Investigação : Doença de Huntington e de Machado-Joseph
O investigador Clévio Nóbrega, do
Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve (UAlg),
foi distinguido pela Sociedade Europeia de Neuroquímica com o prémio
"Jovem Cientista 2017", anunciou hoje a academia algarvia.
O cientista, de 38 anos, dedicou
a última década a investigar o grupo das doenças de poliglutaminas, nas quais
se incluem as doenças de Huntington e de Machado-Joseph, uma doença
neurodegenerativa rara que tem a sua maior prevalência a nível mundial na ilha
das Flores, nos Açores.
Naquela ilha açoriana uma em cada
140 pessoas sofre da doença, cuja incidência é notória também em países como os
Estados Unidos da América ou o Brasil, disse à Lusa Clévio Nóbrega, que, além
de professor naquela universidade, é também o responsável pelo laboratório de
Neurociência Molecular e Terapia Genética da UAlg.
A doença genética, que não tem
cura, foi descrita na década de 1990 e apesar de já se conhecerem as causas que
levam ao seu aparecimento, os cientistas querem perceber em detalhe o processo
de evolução da doença, que causa a morte 15 a 20 anos depois de aparecer.
"Queremos perceber o que
funciona mal a nível celular e que leva à morte dos neurónios e as formas de
conseguir parar ou travar a progressão da doença", disse o investigador,
sublinhando que já se concluiu que há uma mutação num gene que conduz a uma
malformação de uma proteína.
Segundo Clévio Nóbrega, essa
malformação leva a que "muitas coisas funcionem mal nas células, quase em
cascata", até que os neurónios morrem e o objetivo é saber "em que
pontos desta cascata" se pode atuar para atrasar a progressão da doença e
melhorar a qualidade de vida dos doentes.
O galardão, que visa reconhecer a
excelência da investigação desenvolvida na área da Neuroquímica, será entregue
em 22 de agosto em Paris, garantindo ao investigador a participação, como
conferencista convidado, no Congresso da Sociedade Internacional de
Neuroquímica.
De acordo com o cientista, a
investigação em Portugal "está bem", apesar das dificuldades em obter
financiamento, de ter que lidar com a competição e com a frustração de anos à
espera de resultados.
"É motivador, mas também não
é fácil", conclui, sublinhando que Portugal "está na vanguarda do que
se faz nesta área, no mundo".
Clévio Nóbrega licenciou-se em
Biologia na Universidade da Madeira, de onde é natural, doutorou-se em
Barcelona e esteve na última década no Centro de Neurociências e Biologia
Celular da Universidade de Coimbra.
O investigador leciona também,
pelo primeiro ano, no Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da UAlg.
Fonte da noticia:
http://www.dn.pt/sociedade/interior/investigador-da-universidade-do-algarve-recebe-premio-jovem-cientista-2017-6230554.html
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