Novo tipo de protetor solar que visa o ferro livre nas células pode também tratar a ataxia de Friedrich
Uma nova forma de proteção solar que funciona por quelação, ou ligação, do excesso de ferro dentro da mitocôndria não só pode proteger contra os raios UVA que as loções atuais são incapazes de bloquear, mas também levar a novos tratamentos para a ataxia de Friedreich (AF). O composto, chamado "garra mitoiron" pela equipa científica do Reino Unido que o desenvolveu, pensa-se que é capaz de reduzir o excesso de ferro mitocondrial, uma causa da AF.
A maioria dos protetores solares protegem contra a radiação UVB na luz solar, mas são ineficazes contra os raios UVA, que são mais prejudiciais para as concentrações de ferro nas células. O composto “garra mitoiron” funciona por quelantes de ferro (ou ligação a um átomo de ferro, como uma garra) para remover o excesso de ferro a partir do corpo. Os investigadores - da Universidade de Bath e da Faculdade King de Londres – esperam terem-no disponível comercialmente em protetor solar e produtos de cuidados da pele em cerca de quatro anos.
As mitocôndrias, as fontes de energia das células, são particularmente ricas em concentrações de ferro livres utilizados para um número de funções celulares. Mas quando exposto à radiação UVA, este ferro livre age como um catalisador na produção de espécies reativas de oxigénio tóxico (ROS), o que danifica o ADN, proteínas e gordura celular, e pode causar a morte celular. O novo composto tem como alvo a mitocôndria para vincular o excesso de ferro livre lá e impedi-lo de reagir aos raios UVA.
No estudo, "Um poderoso quelante de ferro que vise a mitocôndria proporciona fotoproteção elevada contra a radiação solar ultravioleta”, publicado no Journal of Investigative Dermatology, os investigadores expuseram células da pele a radiação UVA equivalente a 140 minutos de exposição ao sol ininterrupta. Estas células de fibroblastos da pele tratadas com a “garra mitoiron” foram protegidos contra a morte celular, enquanto que as células não tratadas morriam em números significativos.
"O papel dos danos mediados pelo ferro induzidos por exposição das células da pele à radiação UVA tem sido subestimado há muitos anos. Para uma proteção eficaz contra os danos do ferro na pele induzidos por UVA são necessários quelantes fortes, mas até agora estes arriscavam efeitos tóxicos causados pela fome não visada de ferro das células," disse a Dra. Charareh Pourzand, do Departamento de Farmácia e Farmacologia de Bath, disse num comunicado. "O nosso composto que visa a mitocôndria fornece uma solução para este problema."
Os investigadores planeiam também ver outras aplicações para o composto, incluindo a sua utilidade no tratamento de doenças como a ataxia de Friedreich, que estão ligados à sobrecarga de ferro na mitocôndria.
(artigo traduzido)
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