Perda da proteína frataxina leva a danos do ADN e a inflamação nas células do cérebro, dizem os investigadores
A ataxia de Friedreich
associada a danos no ADN em células microgliais leva a um aumento da proteína
PARP-1, que, uma vez inibida, enfraquece a ativação da micróglia e às
deficiências no comportamento da doença, de acordo com um estudo “A deficiência
de frataxina promove excesso nos danos do ADN microglial e inflamação que é
salva pelo PJ34”, publicado na revista PLoS
ONE.
A ataxia de Friedreich é uma
doença neurodegenerativa genética e progressiva, responsável por danos no
sistema nervoso e conduzindo à coordenação muscular prejudicada (ataxia). A
doença é causada pela ausência da proteína frataxina e é a ataxia hereditária
recessiva mais comum, com uma incidência de cerca de 1 em 50.000.
Está provado que a ataxia de
Friedreich leva ao stress oxidativo e inflamação. A inflamação é observada
através da ativação da microglia no cérebro dos ratos modelo e células dos
pacientes. No entanto, as causas que conduzem à ativação microglial e à
produção de mediadores inflamatórios são mal compreendidas.
Os investigadores
debruçaram-se sobre esta questão e investigaram como a deficiência de frataxina
ativa a microglia, se há um estímulo inflamatório localizado no cérebro aumentando
a resposta das células microgliais em ratos modelo de ataxia de Friedreich, e,
finalmente, se os tratamentos anti-inflamatórios param a progressão da doença.
Os investigadores verificaram
que o tratamento introcerebral com LPS, para induzir a inflamação, conduz à
ativação da microglia reforçada no cérebro de ratos com ataxia de Friedreich,
quando comparados com os controlos. Além disso, a deficiência de frataxina
provoca um aumento dos danos oxidativos e a regulação positiva de proteínas
relacionadas com a reparação de danos do ADN na microglia destes animais.
O fenótipo da ativação da
microglia foi ainda aumentado quando aos ratos mutantes foi administrada uma
combinação de angiotensina II e de LPS (angiotensina II é um péptido vasoactivo
importante e altamente pró-inflamatório). A administração conduziu a um aumento
na inflamação e em ambos os défices comportamentais e neurodegenerativos em
relação aos ratos de controlo. Estes efeitos prejudiciais foram mediados pela ativação
microglial da proteína PARP-1 (não regulada, em resposta a danos no ADN), com a
utilização de um inibidor específico desta proteína, o PJ34, enfraquecendo
tanto a ativação glial como as deficiências comportamentais específicas da
ataxia de Friedreich.
Estes resultados mostram que
a ataxia de Friedreich está associada a novo mecanismo neuroinflamatório
mediado através de danos no ADN específico da microglia, especificamente por indução
de PARP-1. Portanto, a inibição da indução microglial de PARP-1 pode trazer
benefícios terapêuticos para pacientes com ataxia de Friedreich.
(artigo traduzido)
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