NAF concede prémio a investigadora que explora as assinaturas de doenças em células estaminais


 A Fundação Nacional da Ataxia (NAF), recentemente concedeu quatro bolsas de estudo de pós-doutoramento que abrangem vários aspetos da investigação na ataxia. Magda Matos Santana, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, em Portugal, foi um dos destinatários, reconhecida pela sua exploração de modelos avançados baseados em células estaminais pluripotentes induzidas (iPSC) da doença de Machado-Joseph (DMJ) - uma área muito necessária da investigação sobre a ataxia. 

doença de Machado-Joseph (DMJ), também denominada ataxia espinocerebelosa tipo 3, é o tipo mais comum de ataxias dominantemente hereditárias, mas ainda é uma doença rara. Tal como acontece com outras ataxias espinocerebelosas, caracteriza-se por sequências de repetição de três CAG baseadano ADN, que codificam o aminoácido glutamina. Na DMJ, esta mutação poli-glutamina causa a neurodegeneração de neurónios espinais e cerebelosos. 

Não estão disponíveis terapias eficazes para a DMJ, e investigação tem sido dificultada pela falta de modelos da doença sólidos para estudos mecanicistas e pré-clínicos. 

O avanço da tecnologia das células estaminais pluripotentes induzidas (iPSC) tornou possível estudar os mecanismos da doença em células com mutações de pacientes individuais, que imitam melhor os processos celulares do que se poderia esperar dos modelos celulares anteriores. 

As iPSC e as células de tecidos específicos derivados já se tornaram uma ferramenta líder nos estudos da DMJ, permitindo avanços substanciais nos estudos de mecanismos moleculares que contribuem para a doença e a triagem de candidatos a fármacos. 

Apesar desse sucesso, um problema inerente com a abordagem às iPSC tem sido a alta variabilidade entre as linhas de células derivadas de pacientes. As experiências também produziram diferenças no desenvolvimento de células específicos de tecido, e o genoma das iPSCs tem estado instável. 

Como uma solução potencial para estas questões, a Dra. Matos Santana está trabalhar para identificar assinaturas típicas associadas a mutações da doença, comparando iPSCs de pacientes com DMJ e indivíduos de controlo. As células dos pacientes e controlos serão selecionadas para manter o mesmo genótipo, para além da mutação causadora da doença. Isto permitirá estudar o impacto da mutação da doença isolado de outros processos celulares que podem ser diferentes devido à variabilidade genómica. 

"Esperamos que esse projeto possa dar uma contribuição realmente importante para o campo das ataxias e em particular da doença de Machado-Joseph, fornecendo os modelos e metodologias que permitam avanços significativos", escreveu Dra. Matos Santana na sua proposta à NAF. 

O projeto também tem o objetivo de desenvolver e implementar métodos que podem ser usados ​​para o rastreio de médio ou alto rendimento de defeitos específicos - permitindo um estudo mais aprofundado dos mecanismos da doença e triagem de medicamentos. 




(artigo traduzido) 


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