Cristina Martinez (CRISPI) “O primeiro diagnóstico que me fizeram é que tinha ciúmes das minhas irmãs”
Cristina Martinez acostumou-se
a ultrapassar obstáculos. A vida não tem sido fácil, especialmente desde que,
com 17 anos de idade, foi-lhe diagnosticada ataxia. É uma doença hereditária
que causa danos ao sistema nervoso resultando em problemas de coordenação, fala
arrastada, fraqueza muscular e mesmo, em alguns casos, problemas cardíacos.
Embora tenha demorado 17 anos a descobrir-se, Cristina estava sempre doente.
Até então ela pensava que era apenas menos hábil que os demais.
Mas tudo mudou quando ela
começou a ter dificuldade em andar, até que um dia caiu. Os médicos não sabiam
muito bem o que se passava. Na verdade, um deles veio a fazer um diagnóstico
que ficou preso como um punhal no coração de Cristina. "Ele disse-me que estava
com ciúmes das minhas irmãs e que era eu que provocava os sintomas", ela
lembra. Outro médico disse que era um tumor. Mas tudo ficou claro quando ela
passou pelas mãos de um neurocirurgião que a levou a Madrid (Espanha) e descobriram
o problema: ataxia. "E o que é isso?" Pensou ela e a sua família. Não
era fácil saber. Na verdade, a maioria dos médicos não tinham pistas.
A ataxia pode ser um sintoma
de outras doenças, mas também é uma doença em si. Crónica, degenerativa e incurável.
Desde que aconteceu, há já dez anos, agora tem que se deslocar numa cadeira de
rodas.
O golpe foi tremendo. "Quando
o assumes, apenas podes virar a página e seguir em frente", diz Cristina,
que se expressa com dificuldades devido à doença. Na verdade, por um tempo, teve
a ajuda de um terapeuta da fala e de um fisioterapeuta. "Mas tiraram-nos
essa ajuda, porque esta é uma doença crónica e que para a Junta não compensava",
reclama o seu marido, Kevin Alvarado. Como para eles não compensa a ajuda que
recebem cada mês: 22 euros.
Kevin é as mãos e as pernas
da sua esposa. A assistência necessária 24 horas por dia, embora ele recuse o
mérito: "Eu coloco a destreza, mas a verdadeira força é a dela, que se
levanta todos os dias com um sorriso apesar de tudo. Eu não sei se aguentaria."
A Cristina não lhe apetece
desistir, porque não está acostumada a fazê-lo. Ela não o fez, por exemplo,
quando alguns professores da Faculdade de Enfermagem, disseram-lhe que ela não dava
para aquilo. Não só terminou os seus estudos, como também conseguiu uma reforma.
Mas, novamente, teve que lutar mais do que os outros. Ela queria a sua reforma e
teve que ir a tribunal, que finalmente decidiu aposentar Cristina com uma
deficiência total. Agora o seu sonho é estudar Náutica e Transporte Marítimo,
mas, aos 32 anos, é contundente: "Estou feliz".
Ela já está mentalizada de
que a sua situação não vai melhorar, muito pelo contrário, mas tem a sorte de
ter uma família que, sem dúvida, vai tornar a viagem muito mais suportável.
(artigo traduzido)
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