Sair à rua numa cadeira de rodas


Por Diego Sanchez Cordero, paciente atáxico de Don Benito (Badajoz, Espanha) 
. 



Também para mim foi muito frustrante sair à rua numa cadeira de rodas e uma novidade para quem que me conhecia. Mas logo nos acostumámos, eu e eles. E a novidade depressa se tornou rotina diária: só mais um elemento a deslocar-se através das ruas. 

Desde então, sou feliz na minha cadeira de rodas. É uma vida distinta, diferente e com algumas limitações, no entanto, é uma forma como qualquer outra de viver. Fazes parte da comunidade e tens os mesmos direitos e obrigações que uma pessoa que anda com as suas próprias pernas. E assim vai sera menos que tu te isoles... e tenta que isso nunca aconteça. 

Não deixes que te afastem ou que decidam por ti. Porque a partir de uma cadeira de rodas podes tomar decisões, amar, rir, chorar e até ser bom ou mau. Aceita a a tua nova situação com naturalidade. Não tenhas pena de ti e não causarás penaA tua vida não é pior, apenas diferente. 

A minha maneira de viver deficiência não é exagerada, embora eu admita que os anos que tenho de luta não deixaram de mudar os meus pensamentos. Eu acabei por me aliar ao possível e deixei o sonhar com o impossível. Não é conformismo, é ser realista. 

Não desejo que haja pessoas com deficiência: gostaria que com a minha tivessem acabado todas. Isso, infelizmente, não é possível. Então, para quê esconder-me? 

Gostaria das ruas cheias de cadeiras de rodas – oxalá fossem vazias, é claro. Quero com isto dizer quenum ato de coragem, os seus utentes saíssem de casa para viverem naturalmente o dia, dando cor e movimento às cidades. 

Todavia há ainda muitas pessoas com necessidade deste tipo ajuda que permanece relutante em sair à rua numa cadeira de rodas. No entanto, na minha aldeia, vão saindo aos poucos. Eu gosto de pensar que o meu exemplo tem contribuído para isso. 


(artigo traduzido). 


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