O 'Guardião do Genoma' pode prevenir o desenvolvimento da ataxia de Friedreich e de outros distúrbios neurológicos
A perda de função das proteínas associadas ao ARN, a molécula de transição entre o ADN e a proteína, poderia contribuir para distúrbios neurológicos como a ataxia de Friedreich.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Oxford, Reino Unido, liderada pela Dra. Natalia Gromak, focou uma dessas proteínas chamada senataxina (SETX) e o papel que desempenha como um "guardião do genoma", impedindo o desenvolvimento de doenças neurológicas.
A revisão, "Senataxina: guardião do genoma na interface da transcrição e neurodegeneração", foi publicado no Journal of Molecular Biology.
A SETX é uma das proteínas de ligação de laços R (R-loop) melhor caracterizadas. Os laços R (R-loops) são feitos de um híbrido de ARN/ADN, que são formados durante a transcrição da mensagem contida na molécula de ADN para um mensageiro de ARN. A mensagem contida na molécula de ARN é então "traduzida" numa proteína.
Os laços R (R-loops) desempenham um papel em muitos processos celulares, incluindo a regulação da estrutura tridimensional do ADN que é importante na determinação de quais os genes que serão lidos em que tecidos, bem como o controlo da terminação da transcrição.
A desregulação do nível dos laços R (R-loops) pode levar a defeitos de transcrição, a alteração da estrutura do ADN e instabilidade do genoma. Isso pode levar a doenças chamadas associadas aos laços R (R-loops), que incluem a ataxia de Friedreich.
Não é totalmente compreendido como ocorre a desregulação dos laços R (R-loops) e como isso leva a distúrbios neurológicos. No entanto, pensa-se que a SETX desempenha um papel crucial na prevenção da formação de laços R (R-loops) aberrantes.
Os trabalhos anteriores mostraram que as mutações na proteína SETX estão ligadas a distúrbios neurodegenerativos como a ataxia com apraxia oculomotora tipo 2 (AOA2) e a esclerose lateral amiotrófica tipo 4 (ELA4).
De acordo com os autores da revisão, o papel da SETX na resolução dos laços R (R-loops) destaca a importância de compreender a contribuição das enzimas helicases, que desenrolam as duas cadeias de ADN, ou híbridos ARN/ADN, neste processo.
Este entendimento pode fornecer novas direções para a conceção de potenciais medicamentos. "Isto poderia ser conseguido direcionando diretamente proteínas que usam moléculas pequenas ou introduzindo laços R (R-loops) potentes, que controlam enzimas tais como a SETX", escreveu Matthias Groh, o primeiro autor da revisão, e seus colegas.
Estudos recentes já mostraram que os laços R (R-loops) podem ser direcionados com sucesso usando moléculas pequenas e podem reverter fenótipos moleculares associados à ataxia de Friedreich.
(artigo traduzido)
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