Estudo conclui que a velocidade da progressão da ataxia de Friedreich é determinada, em grande parte, pela idade e pela gravidade genética


A gravidade da mutação da frataxina, que está na origem da ataxia de Friedreich (AF), é o principal fator na determinação da velocidade da progressão da doença, ao lado da idade - uma descoberta que pode melhorar a conceção de futuros ensaios clínicos para terapias para a ataxia de Friedreichdescobriram os investigadores. 

O estudo, "A progressão da ataxia de Friedreich: caracterização quantitativa ao longo de 5 anos", publicado na revista Annals of Clinical and Translational Neurology, sugere que os ensaios faria bem em se concentrar em participantes mais jovens. Seguir as pessoas durante um tempo mais longo também pode ser uma forma de reduzir o número de pacientes em qualquer ensaio. 

Investigadores do Hospital Infantil de Filadélfia (EUA) observaram que vários estudos com foco em tratamentos para a ataxia de Friedreich falharam devido à má conceção dos estudos. As falhas, argumentam, são causadas pela falta de conhecimento de como a doença progride, a longo prazo, o que tornou difícil calcular quantos pacientes eram necessários para um estudo. 

Para entender melhor quais os fatores que estão impulsionando a progressão, a equipa acompanhou 812 pacientes. Uma vez que o estudo está em andamento, e os pacientes estão inscritos numa base contínua, apenas 234 pacientes foram acompanhados por um total de cinco anos. Os pacientes foram examinados através de exames neurológicos específicos da ataxia de Friedreich: a Tabela de Avaliação da Ataxia de Friedreich (FARS), a FARS modificada, e a fase de desenvolvimento da ataxia. 

Além disso, os pacientes realizaram o Teste dos 9 Buracos, a Caminhada dos 25 pés (7,62 m), testes de visão, e reportaram atividades da vida diária. As análises mostraram que a idade, juntamente com o número de repetições GAA (guanina-adenina-adenina) no gene frataxina, previram o desempenho dos pacientes em todos os testes. 

A equipa examinou os fatores que influenciam a taxa de progressão e descobriu que a idade foi o principal fator que afetou a progressão da doença, com pessoas mais jovens a progredirem mais rapidamente. O número de repetições GAA na maior cópia do gene tinha mais impacto na progressão da doença, enquanto que o número de repetições na menor cópia do gene não tinha. 

No entanto, ao estratificar o grupo de acordo com a idade, os investigadores observaram que a velocidade da progressão também dependia da fase da doença. Fazendo novas análises levando, entre outras coisas, idade e a gravidade genética em conta, a equipa observou que a gravidade da doença no início do estudo foi o fator mais importante na previsão da velocidade da progressão em anos posteriores. 

Numa análise final, ajustada para a gravidade da doença no início do estudo, o número de repetições GAA foi o fator de previsão mais significativo. No entanto, os investigadores observaram que é difícil separar o efeito da idade e gravidade genética, então os ensaios clínicos beneficiariam de inscreverem indivíduos mais jovens. 


(artigo traduzido) 



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