Uma terapia genética mediada pelo microARN para a ataxia espinocerebelosa


Um grupo de investigadores da Universidade de Tóquio (Japão) e da Universidade de Chicago (EUA) desenvolveu uma nova terapia genética para a ataxia espinocerebelosa tipo 6 (SCA6). SCA6 é uma doença neurodegenerativa que afeta a função motora nos pacientes. Os investigadores usaram um microARN específico da doença (miARN), um pequeno ARN, para inibir seletivamente a produção de uma proteína associada à doença. 

SCA é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela insuficiência progressiva da função motora com a perda de células neuronais no cerebelo. Mais de 40 genes causativos das SCAs foram identificados até à data; no entanto, nenhuma terapia modificadora da doença está atualmente disponível. SCA6, o segundo mais comum tipo de SCA hereditária dominante no Japão, é causada por sequências de repetição expandidas no gene CACNA1A. Embora se pense que o gene CACNA1A codifique o canal de cálcio (αA1) necessário para a atividade das células neuronais, em 2013, um grupo de investigação da Universidade de Chicago informou que, além do αA1, o gene CACNA1A também codifica uma segunda proteína (α1ACT), um fator de transcrição, responsável por regular a expressão do gene e que o α1ACT mutante, em vez do αA1, causa neurodegeneração na SCA6. 

Professor Shin-ichi Muramatsu do Centro de Terapia Genética e Celular, Instituto de Ciências Médicas, da Universidade de Tóquio (Japão), e os seus colaboradores desenvolveram uma nova abordagem terapêutica para SCA6, bloqueando seletivamente a expressão α1ACT. Eles identificaram um miARN que inibe seletivamente a tradução do α1ACT a partir do ARN mensageiro, CACNA1A. Eles usaram um vetor melhorado do vírus adeno-associado (AAV) para entregar eficientemente um miARN específico da doença para dentro das células neuronais em ratos modelo da SCA6. Eles também demonstraram que uma entrega, pelo vetor AAV mediado pelo miARNprotegeu os ratos da deterioração motora e morte das células neuronais no cerebelo. 

"Uma série de relatórios sugeriu recentemente que os miRNAs podem ser uma esperança terapêutica para o tratamento do cancro, doenças metabólicas, e inflamação. Demonstrámos anteriormente que uma entrega por um vetor AAV mediado pelo miARN é eficaz num rato modelo da atrofia muscular espinal e bulbar, um outro tipo de doença neurodegenerativa" diz Muramatsu. Ele continua: "Somos capazes de usar os nossos sistemas de vetores AAV para ter uma transdução generalizada de genes em todo o cérebro e na medula espinhal em macacos e porcos por uma administração intratecal. Nós gostaríamos de aplicar a nossa estratégia nos pacientes com SCA6 em clínicas no futuro próximo." 

Esta investigação foi realizada em colaboração com o Dr. Yu Miyazaki e Professor Christopher M. Gomez, do Departamento de Neurologia da Universidade de Chicago (EUA). 


(artigo traduzido) 



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