“O ATÁXICO”: UM DOCUMENTÁRIO GALARDOADO SOBRE A LUTA DE UM HOMEM CONTRA UMA DOENÇA DEBILITANTE


O premiado documentário "O Atáxico," é a história da luta de Kyle Bryant contra uma doença fatal. Coloca-nos a questão "Como reagiria a uma doença debilitante e fatal?" 
Kyle Bryant foi diagnosticado com a doença neuromuscular rara aos 17 anos. Com nenhuma cura conhecida ou medicação, ataxia de Friedreich (AF) roubou a capacidade de Kyle de praticar os seus desportos favoritos, ou mesmo andarKyle descobriu uma nova paixão e começou a andar longas distância de bicicleta, com um equipamento concebido especificamente para o efeito denominado "trike". 
Os amigos de infância Kevin Schlanser e Zack Bennett corealizaram o documentário de longa-metragem. Somos levados numa viagem inspiradora, premiando os espectadores com esperança e a garantia de que é possível lutar e superar barreiras insuperáveis. 
Estes dois realizadores são responsáveis ​​pela criação de um movimento, conhecido como rideATAXIA. 

Entrevista com os corealizadores de “O Atáxico”, ZACK Bennett e KEVIN Schlanser 

“O Atáxico” é um filme verdadeiramente inspirador. Conte-nos um pouco sobre a génese do projeto do filme. 
ZACK: Kevin e eu conhecemo-nos desde o jardim-de-infância e ficámos ambos interessados ​​em fazer filmes numa idade jovem. Mudámo-nos para Los Angeles (EUA) ao mesmo tempo para perseguir nossas carreiras na indústria cinematográfica. Chegou um ponto em que decidimos que queria-mos contar histórias que realmente nos tocavam e que valessem a pena todo o esforço que é preciso para fazer um filme. Foi nessa altura que Kevin recebeu uma chamada do seu irmão, sobre um tipo chamado Kyle, que estava a fazer uma corrida incrível e que tinha uma doença rara. Kevin e eu éramos companheiros de quarto no momento e ele veio após a chamada e me mostrou este vídeo de Kyle na internet que nos impressionou. Não havia nenhuma dúvida sobre isso, tínhamos que contar a história de KylePara ajudar, Kyle tinha nascido e crescido na mesma área em que Kevin e eu estávamos. Quanto à génese, ediria que estávamos a trabalhar para alcançar os nossos objetivos, abordando especificamente os tipos de histórias que queríamos contar e que tudo acabou por acontecer. 
KEVIN: Eu fui apresentado ao Kyle e à jornada que estava prestes a encetar por um bom amigo da família. Eu fui ao YouTube e assisti ao primeiro vídeo de Kyle que apareceu e imediatamente tive arrepiosO carisma de Kyle, assim como a sua determinação inflexível, saltaram do écran. Eu tive a sensação de que aqui estava tanto uma estrela de cinema, como um herói da vida real que estava enfrentar os desafios na sua própria vida com humor e graça, apesar de todas as probabilidades, e proporcionar um raio de luz muito necessário à comunidade da ataxia de Friedrich. Fui ter com o Zack que imediatamente concordou com a ideia, foi muito claro para nós de que era isto que tínhamos que fazer. Aliás, esse primeiro clipe acabou se tornar a abertura do filme. 
O filme trouxe mais atenção para a doença neuromuscular ataxia de Friedreich (AF)? 
ZACK: A AF é uma doença que tem tido muito pouca atenção que lhe é dada pelo simples fato de que é tão rara. Não é só o filme que brilha uma luz sobre a doença, mas em cada exibição que fizemos até agora, a resposta tem sido extremamente positiva e o público tem sido muito curioso sobre a doença. Nós até tivemos algumas pessoas que fazem doações logo no local após as sessões terminarem, por isso estamos muito felizes com isso. Mais importante para nós, a comunidade AF está extremamente animada com este filme, que oferece um vislumbre da luta diária. 
KEVIN: O nosso objetivo sempre foi fazer os temas do filme relacionáveis para todos, independentemente dos desafios que podem enfrentar nas suas próprias vidas. Estou muito contente de vê-lo a ser recebido desta forma e para a atenção que uma história universal de esperança pode trazer a um distúrbio específico, como a AF. 
Para além das questões normais de produção. Tiveram que superar alguns obstáculos durante a rodagem do filme? 
ZACK: A produção deste filme foi, até à data, a coisa mais difícil que eu tive a oportunidade de trabalhar. Este filme exigiu um maior crescimento pessoal e sacrifício do que qualquer projeto ou esforço pessoal em que eu tenha estado envolvido. Francamente, os obstáculos são muitos para mencionar aqui, mas o que realmente ficou comigo foi que de cada vez que enfrentávamos o fracasso, víamos a forma de como Kyle se comportava na sua circunstância e perceÍamos que não tinha escolha a não ser continuar em frente. A perspetiva de Kyle e sua escolha de como reagir à sua situação, guiou os nossos próprios comportamentos. A um nível pessoal que ficou comigo e transitou para tudo o que fiz. Eu diria que a experiência foi permanentemente alterada para quem eu sou e, portanto, no que eu me tornarei. Estou muito grato por ter tido a oportunidade de conhecer Kyle e ajudar a contar sua história. 
KEVIN: Haha. Não há tempo suficiente para descrever adequadamente todos os obstáculos que encontramos ao rodar o filme. A coisa mais concisa que posso dizer é que houve uma quantidade enorme de momentos fortuitos que nos permitiram terminar o filme, e muitas vezes eu tive o pensamento de que algo maior do que nós quis que isso acontecesse. 
O filme apresenta-nos a Race Across America (Corrida Através da América) ou como é conhecida por muitos, "corrida de bicicleta mais difícil do mundo." Expliquem aos leitores em que medida esta corrida representa um desafio, para aqueles que desejam competir. 
ZACK: A Race Across America é surpreendentemente difícil. 50% dos ciclistas saudáveis ficam fora da corrida devido à exaustão ou a problemas médicos. Estamos a falar de pessoas que estão em forma, jovens e saudáveis. Para Kyle e Sean (Baumstark) terem assumido e completado este desafio é absolutamente incompreensível. Um aspeto importante da ataxia de Friedrich é que é uma doença de privação de energia. Estamos falar de 350-500 milhas (563,2704 – 804,672 km) por dia, em média. Isso é sem parar. A beleza do que eles fizeram reside no exemplo que dão a qualquer um que tem um desafio na sua vida e que esses desafios podem ser superados e resolvidos com nada mais do que uma boa atitude e uma mente saudável. 
KEVIN: Depende se quer ir sozinho ou em equipaPelo que eu vi ao longo da corrida, eu descreveria que uma equipa de quatro pessoas competindo exigiria uma incrível força de vontade e resistência física de todos os envolvidos. Para fazê-lo sozinho, acho que teria que ser total e completamente doido varrido e o ciclismo de resistência deveria ser essencialmente toda a sua vida. 
A banda sonora de "O Atáxicotambém tem recebido elogiosComo é que Bon IverSigur Ros e Belle Brigade se tornam parte do projeto? 
ZACK: Por Kevin e eu, a música é a fundação, palpitar, e alma de qualquer projeto. É extremamente importante para nós os dois. Nos primeiros estágios da pós-produção eu disse à equipa para se concentrar em contar a história corretamente e usar o que sentia que era o melhor material para o projeto. Foi meu pensamento que tínhamos de nos conter desde o início que teríamos a melhor oportunidade para fazer um bom filme e, portanto, um impacto maior. Tendo seguido essa estratégiamostramos o filme a um supervisor de música incrível com o nome de Sean Fernald. Ele comprometeu-se com o projeto pelos seus méritos e qualidade, porque, francamente, não o podíamos pagar. Ele disse-me recentemente que, quando inicialmente assistiu ao filme não tinha a certeza de que seria capaz de obter a maioria das bandas que fazem parte da banda sonora, mas devido ao seu trabalho duro e boa natureza do projeto, fomos capazes de passar uma mensagem em cada canção da nossa lista. 
KEVIN: Ainda é incrível para mim o impacto emocional, subtexto, tempo, etc. que a música certa pode dar a uma cena, e eu estou tão feliz que a banda sonora esteja a ser bem recebida. A música é uma grande parte da minha vida e várias das canções do filme foram escolhidas (talvez um pouco demasiado idealista na minha mente pelo menos) antes mesmo de começar a filmar. Mas estou incrivelmente grato ao nosso maravilhoso supervisor musical Sean Fernald por conseguir trabalhar com os direitos da maioria das nossas escolhas e a todas as bandas fantásticas que concordaram em fazer parte do projeto. 
Que conselhos dariam a documentaristas, a fazerem o seu primeiro filme? 
ZACK: Se eu tivesse conselhos para quem está a trabalhar no seu primeiro docum0entário, eu diria para se agarrarem a essa primeira réstia de inspiração que os atingiu quando viram que quer que fosse que os convenceu a fazer um filme. Vai ser uma luz que os vai guiar através do que vai ser, com certezauma experiência emocionante e tumultuosaGuiou tudo o que fizemos uma na pós-produção e ajudou-nos a permanecer no tópico e manteve o nosso ritmo elevado. Também rodeiem-se de pessoas boas. A realização é um trabalho de equipa e não podem fazer tudo sozinhos. Confiem naqueles que os rodeiam e pesem o seu contributo com a vossa própria experiência para tomar decisões. Também deem tempo ao tempo. Quando têm algo de que gostam, guardem-no e passado algum tempo, voltem a ele. 
KEVIN: Saibam que têm a história certa e as personagens certas. O planeamento é muito importante, mas também nunca sabem no que podem falhar por isso às vezes m que agir com um certo nível de espontaneidade. Por exemplo uma das nossas entrevistas mais comoventes saiu de uma decisão de última hora para sentarmo-nos todos às duas da manhã na véspera da Race Across Americanum quarto velho de hotel sob uma única lâmpada de 60w e uma t-shirt preta na parede como pano de fundo. 
Em que projetos estão a trabalhar e o que podemos esperar ver de vocês num futuro próximo? 
ZACK: Kevin e eu estamos atualmente a explorar um número de diferentes projetos, um dos quais inclui um documentário sobre um jovem rapaz cuja família e amigos foram mortos pelo LRA, que se torna num atleta olímpico e voltou a casa no Uganda para fazer a diferença na sua comunidade e entre aqueles que estão a lutar dentro de fronteiras. É uma história sobre o amor, o perdão, caráter e escolha. 
KEVIN: Estou animado com vários projetos futuros, narrativa e documentário, mas o que atualmente mais investo, é o resultado duma recente viagem em que eu estive envolvido no norte do Uganda, onde passámos muito tempo com um ex-refém do LRA, que passou a competir na equipa olímpica do Uganda. 


LRA – Lord’s Resistance Army (Exército de Resistência do Senhor)  grupo rebelde e de culto cristão que operam no norte do Uganda, Sudão do Sul, República Centro-Africana e República Democrática do Congo.  


(artigo traduzido) 
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