Estudo diz que os pacientes com ataxia de Friedreich podem beneficiar de doses baixas de deferiprona combinadas com idebenona
Doses baixas de deferiprona
em combinação com idebenona pode melhorar as funções tanto neurológicas como
cardiológicas de pacientes com ataxia de Friedreich. Estas são as conclusões de
um estudo intitulado "A experiência
clínica com tratamento com deferiprona para a ataxia de Friedreich",
publicado no Journal of Child Neurology.
A ataxia de Friedrich (AF) é
uma desordem neurológica progressiva caracterizada pela falta de coordenação,
falta de reflexos, contração muscular excessiva, e perda da sensibilidade
proprioceptiva. Conforme a doença progride, outros problemas podem surgir,
incluindo diabetes, doença cardíaca e escoliose.
A doença é causada por uma
mutação no gene frataxina, o que reduz a expressão da proteína mitocondrial
frataxina nos tecidos afetados e não afetados. Esta, por sua vez, induz a acumulação
de ferro no interior da mitocôndria que conduz a danos oxidativos por promover
a formação de espécies reativas ao oxigénio.
São usadas duas abordagens
principais para reparar as mitocôndrias defeituosas em pacientes com AF. O
primeira consiste na administração do análogo da coenzima Q10 como um
antioxidante e do transportador de eletrões por meio de uma dose diária de 5
mg/kg de idebenona. Isto resulta numa diminuição menor do stress oxidativo e
hipertrofia cardíaca sem influência sobre a função neuromuscular.
A outra abordagem tenta
aliviar os efeitos tóxicos do ferro mitocondrial acumulado em células FRDA,
utilizando agentes quelantes de ferro, tais como deferiprone (3-hidroxi-1,
2-piridin-4-ona). Este medicamento pode produzir melhorias na função das
células, especialmente em animais modelos de AF, com a dosagem a desempenhar um
papel chave.
Os investigadores examinaram
um grupo selecionado de cinco doentes com FRDE tratados com 20 mg/kg/dia de
deferiprona, em adição à terapia baseada na idebenona. Os pacientes foram acompanhados
por 10 a 24 meses para entender as mudanças nos parâmetros neurológicos,
cardiológicos e laboratoriais de sangue.
Os resultados mostraram um
aumento global na pontuação da Escala de Avaliação da Ataxia de Friedreich,
indicativo de melhorias na função neurológica dos pacientes. As medições do eletrocardiograma
e ecocardiograma mostraram que todos os pacientes estavam em ritmo sinusal com
alterações menores, demonstrando uma atividade elétrica normal no coração dos
pacientes.
A deferiprona não causou
qualquer dano importante no sangue da maioria dos indivíduos, com exceção de
uma pequena diminuição nas contagens das células de sangue quer brancas quer
vermelhas, bem como na ferritina, uma proteína responsável pelo armazenamento
de ferro. O último foi espontaneamente resolvido mediante o ajuste da dose.
Além disso, não foram observados efeitos secundários durante o estudo, exceto
em dois pacientes que descontinuaram o tratamento com deferiprona.
Os autores concluem que a
terapia combinada de uma dose baixa de deferiprona com idebenona é
relativamente segura, pode melhorar a função neurológica, e parece melhorar a
hipertrofia cardíaca. Os seus resultados justificam mais estudos, disseram os
autores.
FRDA – ataxia de Friedreich
(artigo traduzido)
Comentários
Enviar um comentário