Na trilha de novos tratamentos para a ataxia de Friedreich
A ataxia de Friedreich é uma
doença hereditária. É causada por mutações recessivas que causam uma redução
drástica nos níveis de frataxina, uma proteína que desempenha um papel chave na
formação nos centros de ferro-enxofre,
que por sua vez, são essenciais para a função de várias proteínas celulares;
incluindo os complexos responsáveis pela produção de energia na mitocôndria.
A deficiência de frataxina
causa degeneração de determinados neurónios no cerebelo e medula espinhal. Como
resultado, os pacientes com ataxia de Friedreich sentem dificuldades em
coordenar os seus movimentos, que vão piorando até que muitos deles se veem na
necessidade de usar uma cadeira de rodas.
Os sintomas começam,
habitualmente, entre os 5 e os 15 anos, mas pode também ter um início muito
mais cedo ou mais tarde. Além disso, os pacientes podem sofrer de problemas não
neurológicos, como escoliose, cardiomiopatia ou diabetes. Atualmente, não há
uma cura ou tratamento eficaz para a ataxia de Friedreich.
Nos últimos anos, o grupo do
Dr. Javier Diaz-Nido, do Centro de Biologia Molecular "Severo Ochoa"
(CBMSO), do Centro Conjunto da Universidade Autónoma de Madrid (UAM - Espanha)
e do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC); e também pertence
ao Instituto de Investigação Sanitária do Hospital "Puerta de
Hierro-Majadahonda" (IDIPHIM) concentrou-se em esclarecer a base molecular
da neurodegeneração na ataxia de Friedreich, com o objetivo de desenvolver
terapias que podem ser eficazes para o seu tratamento.
O
BDNF exerce neuroproteção contra a deficiência de frataxina
O fator neurotrófico
derivado do cérebro (BDNF) é uma proteína segregada, principalmente no sistema
nervoso (SN), que estimula a sobrevivência dos neurónios e a função sináptica
(a comunicação entre neurónios). Numerosos estudos têm mostrado ter um papel de
proteção em alguns modelos de lesão neuronal.
No estudo publicado pela
revista Molecular Therapy, que mostra
que a transferência do gene que codifica o BDNF para os neurónios é capaz de
prevenir a morte neuronal em culturas de células em que é induzida a
deficiência de frataxina.
Também foi observado esse
efeito neuroprotetor do BDNF in vivo:
"Quando a deficiência de frataxina no cerebelo de ratos é induzida, é
observada a morte e atrofia de diferentes tipos de neurónios; e, como
resultado, os ratos sofrem uma diminuição significativa na sua capacidade de
coordenar os seus movimentos. Todas estas alterações patológicas são impedidas
pela transferência do gene que codifica o BDNF" explica Javier Diaz-Nido.
Embora seja um trabalho de investigação
básica com um modelo animal, este estudo sugere novos caminhos para a
intervenção terapêutica para a ataxia de Friedreich, tanto com base na terapia
com genes neurotrófico como na base na utilização de fármacos que imitam a ação
desses fatores.
(artigo traduzido)
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