Os níveis da proteína frataxina podem determinar a natureza da doença ataxia de Friedreich

Estudo constata que tipo de mutação desempenha um papel nos níveis de proteína encontrada nas células


Um estudo recente liga os níveis da proteína frataxina às características da doença em pacientes com ataxia de Friedreich (AF). O artigo, intitulado "Os níveis de frataxina em tecidos periféricos, na ataxia de Friedreich", foi publicado na revista Annals of Clinical and Translational Neurology.

A AF é uma doença neurológica progressiva que danifica o sistema nervoso, resultante de uma mutação num gene chamado frataxina (FXN). Em 98% dos indivíduos afetados, a mutação expande a repetição da sequência dos ‘blocos de construção’ dos nucleotídeos (guanina-adenina-adenina, ou GAA) no FXN.

Os investigadores exploraram a relação entre os níveis da proteína frataxina e as características da doença. Um total de 521 pacientes com AF sem diferenças significativas na média de idade ou sexo, dos quais 306 eram portadores e 120 serviram como controle, foram considerados para este estudo. As amostras de sangue e de células bucais foram extraídas dos indivíduos em visitas clínicas. Além disso, a equipa injetou o gene frataxina mutante em células de rim humanas para criar mutações no interior das células.

Os resultados não sugeriram qualquer prova do aumento dos níveis da proteína frataxina ao longo do tempo, apesar de um pequeno aumento ter sido detetado ao longo de décadas, por meio de análise de regressão linear. Em ambos os tecidos, afetados e não afetados, o número de repetições GAA estavam ligados aos níveis da proteína frataxina expressada que, por sua vez, foram associadas à idade. Os pacientes com menor número de repetições GAA tinham níveis reduzidos de frataxina quando comparados com pacientes com número de repetições GAA mais elevadas. Mais importante, os níveis da proteína frataxina foram ligado a tipos de mutação, com alguns a reduzir os níveis de frataxina e outros a manter os níveis normais da proteína, quer in vitro, in vivo ou ambos.

Estes resultados destacam a ligação entre os níveis da proteína frataxina e as características da doença em pacientes com AF. No entanto, vários mecanismos podem contribuir para os níveis elevados de frataxina no sangue de alguns pacientes. "Assim, o presente trabalho demonstra a complexidade dos níveis de frataxina periféricos na AF, e a necessidade da consideração de múltiplos fatores na interpretação dos resultados de estudos de intervenção clínica", concluem os autores.


(artigo traduzido)




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