Num paciente com ataxia de Friedreich, o estudo da capacidade afetada de mutação das proteínas em dobrar sugere que as mutações da frataxina podem ser abordagem terapêutica para alguns pacientes com AF



Os investigadores têm mostrado que um novo potencial alvo terapêutico para pacientes com ataxia de Friedreich (AF) pode ser uma mutação que causa falha na dobra de proteínas específicas, o que resulta em concentrações de proteínas reduzidas.

O estudo, conduzido por cientistas do Departamento de Neurociência Básica e Clínica do Instituto Maurice Wohl do Kings College em Londres (Reino Unido), e intitulado "Analisando os efeitos de uma mutação G137V no gene FXN", foi recentemente publicado na revista Frontiers in Molecular Neurosciance.

A equipa do estudo teve como objetivo compreender os efeitos de uma determinada mutação, conhecida como a mutação pontual G137V, através de métodos laboratoriais experimentais que olhavam para ambas as vias biofísicas e bioquímicas envolvidas. Os investigadores utilizaram amostras de um paciente do sexo masculino com AF, de 29 anos, as seguintes características:

o   O paciente foi visto no Hospital S. Andrea, em Roma (Itália)
o   O paciente tinha um historial médico de abuso de álcool e drogas psicoativas desde os 17 anos
o   Aos 25, ele começou com desequilíbrio da marcha, quedas frequentes, e parestesia dos pés
o   Internado no hospital aos 26 anos, apresentou-se com disartria leve, ataxia da marcha e do tronco, disdiadococinesia, ausência de reflexos nos membros superiores e inferiores, debilidade posicional e da sensibilidade vibratória nos membros inferiores

Após a análise das amostras, foi observado o seguinte:

o   um efeito nos níveis proteicos mas não em função
o   quando dobrada, a frataxina mutante é totalmente funcional. Mas a estabilidade mais baixa faz com que o processo de dobragem de proteínas seja menos eficiente, e/ou pode melhorar a degradação

"Assim, propomos que o mecanismo que atua em alguns pacientes heterozigotos com FRDA conta com a consequência de uma deficiência estrutural que chamaremos de 'perda de eficiência de dobragem' para ser distinguido das perdas/ganhos de mecanismos funcionais. Apesar de ser bastante diferente das outras doenças neurodegenerativas devido à agregação tóxica, este mecanismo pode ser importante na maioria dos pacientes heterozigotos e podem ser relevantes também noutras doenças. Estas considerações podem sugerir uma possível aplicação terapêutica para o tratamento seletivo de pacientes com mutações na frataxina com reduzida estabilidade de dobragem", escreveram os autores no seu estudo.


(artigo traduzido)




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