A segmentação da localização intracelular da ataxina-3 como nova estratégia de tratamento para a ataxia espinocerebelosa tipo 3 (SCA3)
Thorsten Schmidt, Ph.D.
Universidade de
Tubingen, Tübingen, Alemanha
A ataxia espinocerebelosa
tipo 3 (SCA3), que é também conhecida como doença de Machado-Joseph (DMJ) é
provocada pela expansão de uma repetição em série de três elementos de ADN, C,
A e G no âmbito do chamado gene da ataxina-3. O gene da ataxina-3 serve como
modelo da proteína ataxina-3. Em pacientes com SCA3, as moléculas da proteína
agregam-se em subpopulações características das 100 mil milhões de células do
cérebro humano. Estes agregados de proteínas são tipicamente encontrados no
interior do núcleo celular, embora a ataxina-3 normalmente resida no
citoplasma. Isto significa que, na SCA3, "algo" impacta a localização
da ataxina-3, move-a a partir do citoplasma para o núcleo e permite que agregue
lá. Nos últimos anos, estudámos extensivamente este movimento da ataxina-3 no
interior da célula. Saliente-se que observámos que modelos específicos de rato
desenvolvem sintomas da SCA3, só se a ataxina-3 se mover para o núcleo. Em
outras palavras: Mantendo a ataxina-3 no citoplasma protegeu os nossos ratos da
doença! Portanto, antecipámos este processo de transporte como uma nova estratégia
alvo ou tratamento para a SCA3. Mas qual o medicamento capaz de manter a ataxina-3
no citoplasma? O desenvolvimento de um novo medicamento pode demorar anos ou
mesmo décadas, pois são necessários extensos estudos sobre a sua função e
segurança, até que seja aprovado pela FDA (Food and Drug Administration –
entidade responsável pela aprovação de novos medicamentos nos EUA) para uso em
humanos. Perguntámo-nos, portanto, se os medicamentos que já são aprovados pela
FDA e no mercado (mas para uma indicação diferente) podem afetar a localização
da ataxina-3. De modo a identificar tais medicamentos, gerámos um ensaio que
permite avaliar se um determinado composto ou fármaco é capaz de reter a ataxina-3
no citoplasma. Recentemente utilizámos este ensaio para testar um conjunto de
medicamentos aprovados pela FDA e identificámos dois medicamentos que não só
mantêm a ataxina-3 no citoplasma, mas também podem até mesmo impedir a sua agregação.
Os medicamentos identificados já estão no mercado há décadas (para a sua respetiva
indicação) e são usados por milhões de pacientes. A fim de descobrir se estes
medicamentos também podem ser utilizado para o tratamento da SCA3, pretendemos
confirmar, com este projeto, se qualquer dos dois medicamentos é eficaz em
mamíferos, isto é, no nosso modelo de rato com SCA3. A confirmação positiva não
significa que este medicamento poderia imediatamente ser administrado a
pacientes humanos com SCA3, mas seria um próximo passo crítico para o
desenvolvimento de um tratamento para a SCA3.
(esta
investigação vai receber um financiamento da NAF, conforme notícia de 13 de
abril de 2015 - http://artigosataxiashereditarias.blogspot.pt/2015/04/investigacoes-sobre-ataxia.html)
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